A Devastação do Silêncio - Opinião

agosto 23, 2022


Podem ouvir a minha opinião completa no podcast, AQUI.

Neste livro, o segundo que leio de João Reis, temos a história de um soldado, capitão do Corpo Expedicionário Português, que se encontra num campo de prisioneiros alemão durante a I Guerra Mundial. Aí somos confrontados com um ambiente angustiante e desconfortável, com descrições das condições do campo (ou a falta delas), num ambiente sujo, cheio de doenças, de piolhos, fome, a ameaça da guerra com os barulhos que vêm fora do campo e onde o silêncio é escasso. E é neste contexto que o soldado português tenta sobreviver, sempre em busca de uma tranquilidade e de um silêncio que teima em ser fugidio.

E, para mim, este silêncio que foge é onde nos encontramos, e é o último reduto inconquistável do ser humano. O seu interior que guardamos para nós, impermeável ao barulho exterior. É o nosso porto de abrigo quando tudo ao redor deixa de o ser. 

Este é um livro com uma escrita espojada, talvez para evocar a crueza da realidade vivida por aquele soldado feito prisioneiro que busca sempre o silêncio e a simplicidade das coisas. É um livro com frases longas, marcado por algumas repetições, por alguma circularidade nas coisas que são ditas, mas não o achei aborrecido. Estes artifícios têm o seu sentido, especialmente se considerarmos o protagonista, as condições em que vive, e o estado mental em que se encontra.

Mas faltou-me aqui a ligação emocional. Isso não tem nada a ver com a qualidade do livro, mas sim com a forma como ele teve impacto em mim. Faltou-me qualquer coisa. Ainda assim, recomendo a sua leitura e pretendo continuar a explorar a obra de João Reis.

3/5 - Gostei


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(Esta leitura conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2022)

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