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Papéis e Letras

Divagações sobre livros e a minha vida de leitora

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    Podem também ouvir a minha opinião no podcast, AQUI.

    Confesso que não sei muito bem o que dizer sobre este livro. Aliás, tenho muita coisa para dizer, mas não sei bem como dizer e ao mesmo tempo não quero dizer demasiado para não spoilar nada nem ninguém.

    Começo por dizer que este é um livro muito intenso, que explora várias temáticas que podem ser muito difíceis de se ler. Todo este livro deveria ser um "trigger warning" porque lida com várias coisas que podem despoletar memórias, traumas, a quem passou por situações semelhantes ou que está no mesmo registo das personagens do livro. Ficam aqui alguns avisos à navegação, para quem está a pensar ler o livro. Algumas das temáticas mais pesadas incluem: discussão sobre trauma, stress pós-traumático, ansiedade, depressão, comportamentos auto-destrutivos, abuso físico e sexual, suicídio.

    No entanto, este livro também é sobre amor, amizade, cumplicidade, companheirismo, compaixão, sobre as dores de crescimento pelas quais quatro homens passam, durante a idade adulta, desde que se conhecem, aos 16 anos, e durante os mais de 30 anos seguintes. Estes quatro homens são amigos que se conhecem desde sempre: Jude, Willem, JB e Malcom, ainda que a personagem central seja, sem dúvida, Jude, e a partir deste centro conseguimos perceber de que forma as outras personagens se relacionam com ele e entre si.

    Este é um livro tragicamente belo. Tem uma escrita muito fluida, que permite estabelecer uma ligação enorme com as personagens e uma envolvência que nos transporta para aquelas vidas e que nos faz importar com o que, de facto, acontece àquelas pessoas. Mas é um livro com muito sofrimento que, ao mesmo tempo, nos mostra o poder da amizade, do amor e da dedicação que algumas pessoas conseguem demonstrar perante alguém que sofre continuamente. O passado traumático de Jude vai-nos sendo revelado aos poucos, o que faz também com que haja uma tensão permanente durante a narrativa, porque nunca estamos confortáveis nem seguros, porque apesar de sabermos que algo de muito grave lhe aconteceu, nunca sabemos bem o quê. E ao mesmo tempo que queremos saber,  não queremos ser testemunhas dos seus traumas.

    É muito complicado lidar com alguém cujo sofrimento é tão grande e a quem não conseguimos ajudar, e este livro demonstra-nos isso também. Ao conhecermos pessoas como Harold, Andy e Willem que vão cuidar de Jude, percebemos que, ainda que não consigam compreender bem o que ele passa nem o consigam ajudar completamente, estão sempre lá para aquilo que ele possa precisar. Este livro mostra-nos, também, essa frustração: a de quem quer ajudar, mas não consegue; e a de quem precisa ser ajudado, mas que não consegue permitir que outros entrem na sua bolha para o fazer. Porque o trauma está sempre presente: em todas as acções, pensamentos, situações (ora mais felizes, ora mais tristes). Há reflexos, padrões de pensamento e de comportamento que, aprendidas de forma errada muito cedo, se perpetuam no tempo e que, sem acompanhamento, se tornam na normalidade de cada um. Neste sentido, Jude carrega  a culpa que muitos sobreviventes de traumas carregam: a de que merecem aquilo que lhes aconteceu no passado e, por isso, não merecem a felicidade e as coisas boas que lhes acontecem no presente.

    Este é um livro extraordinário e de que gostei muito. Até agora, é o melhor livro que li este ano e estará, certamente, na lista dos melhores do ano inteiro. Mas apesar de ter adorado o livro e de ter devorado mais de 700 páginas em pouco mais de uma semana, não posso aconselhar a sua leitura a toda a gente. Porque são temas complexos, difíceis de se ler, é uma história que nos deixa destruídos durante e depois da sua leitura e que só se deve ler se estiverem bem, a nível mental e emocional. 

    Eu emocionei-me bastante em alguns momentos. Chorei não em partes trágicas, mas em momentos de demonstração de ternura, de compaixão, de amor, dedicação e lealdade perante algumas situações, porque são esses momentos que mostram um amor quase incondicional. Se achei que era sofrimento a mais e que algumas partes são gratuitas e para chocar? Não. Não achei, porque sei que há pessoas com estas vivências, com estes pensamentos e comportamentos. Nada me chocou. É tocante e doloroso, sem dúvida, mas nunca nada me chocou. Tudo tem uma razão de ser e se encaixa para contar a história de Jude, mas é de uma extrema dor emocional.

    Acompanhei esta leitura com o respectivo audiobook e foi uma experiência fenomenal. A narração é maravilhosa, muito bem feita, e imprime as emoções e o tom certos para cada personagem e para cada momento narrativo. Gostei muito de o ter feito, porque deu uma maior dimensão à palavra escrita. 

    Assim, o meu veredicto é este: adorei o livro, mas não o recomendo a toda a gente.


    6/6 - Excelente

    (Este livro foi lido para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)

    ____________________

    Detalhes

    Editora: Picador
    Páginas: 720
    Sinopse:
    "When four classmates from a small Massachusetts college move to New York to make their way, they're broke, adrift, and buoyed only by their friendship and ambition. There is kind, handsome Willem, an aspiring actor; JB, a quick-witted, sometimes cruel Brooklyn-born painter seeking entry to the art world; Malcolm, a frustrated architect at a prominent firm; and withdrawn, brilliant, enigmatic Jude, who serves as their center of gravity. 

    Over the decades, their relationships deepen and darken, tinged by addiction, success, and pride. Yet their greatest challenge, each comes to realize, is Jude himself, by midlife a terrifyingly talented litigator yet an increasingly broken man, his mind and body scarred by an unspeakable childhood, and haunted by what he fears is a degree of trauma that he’ll not only be unable to overcome—but that will define his life forever."
    Continue Reading


    Podem ouvir esta opinião também no podcast.

    O ano passado tomei uma decisão mais consciente de começar a apostar em livros de autores portugueses. Porque sinto que me escapam histórias, narrativas, autores que merecem a minha atenção e que me permitem ler e pensar na minha própria língua. Leio e trabalho muito com a língua inglesa e, sinceramente, a maior parte do tempo o meu cérebro está com o interruptor ligado em inglês, por isso sei que tenho de fazer um esforço extra para ler na minha língua materna.

    Este A Avó e a Neve Russa conta-nos a história, na primeira pessoa, de um rapaz de 10 anos que interiorizou em si a missão de curar a avó, a sua Babushka, que sofre com os efeitos posteriores do desastre de Chernobyl. Este rapaz vive no Canadá com a sua avó e o seu irmão, e vive constantemente  preocupado com a saúde (ou falta dela) da avó. E é pela mão deste rapaz, de quem nunca sabemos o nome, que vemos a vida e seguimos as suas aventuras.

    Em primeiro lugar, percebemos a vida através dos olhos de uma criança que é obrigada a crescer mais depressa, por conta da sua realidade familiar, mas que, ainda que queira ser um "homenzinho" (como tantas vezes refere), continua a ser um rapaz cuja visão do mundo é limitada pela sua idade e inocência. É um rapaz que dá muita importância ao vocabulário e à descoberta de palavras novas, mas que depois não sabe o seu verdadeiro significado - o que acentua a sua ingenuidade - ou então di-las de forma errada. Por isso temos confusões entre oncologia e ornitologia, e até expressões ou palavras adaptadas a si, como "xenofilia" em vez de xenofobia, "gaseificadas", em vez de "gazeadas", ou até "icónicos" em vez de ícones, neste caso religiosos. Tenta desconstruir conceitos como comunismo e capitalismo, mas o seu olhar não vai longe e não os consegue perceber por conta da sua tenra idade. Há momentos muito engraçados quando lemos estas expressões e estas tentativas de explicação, de um miúdo que tem tantas certezas, mas que, na realidade, sabe pouco sobre aquilo que o rodeia.

    Este é um livro muito ternurento, devido à constante preocupação de um neto com a saúde da avó e com a demanda que enceta para procurar uma forma para a curar. É um livro que nos fala de amor, de fé, de humanidade, de crescimento, de inocência, do mundo e das pessoas vistas pelo ponto de vista de uma criança de 10 anos que tudo apreende, mas que de pouco sabe. No entanto, ao mesmo tempo que isso é verdade, nos obriga a pensar de forma mais profunda em temas que são complexos, mas que aqui são retratados com simplicidade.

    Gostei muito deste livro e quero continuar a seguir a obra deste autor.

    5/6 - Muito Bom

    (Esta leitura conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)


    Comprar: Bertrand (link de afiliado)

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    Detalhes

    Editora: Elsinore
    Páginas: 216
    Sinopse:
    "A Babushka é uma russa idosa que, há alguns anos, emigrou para o Canadá. Sobreviveu ao acidente nuclear de Chernobyl e, agora, está doente. Na fronteira entre a imaginação e a realidade, o seu neto mais novo, de dez anos, não desiste de encontrar uma solução para os seus «pulmões destruídos».

    Narrado na primeira pessoa e escrito a partir do ponto de vista ingénuo, terno e, por vezes, irónico de uma criança, relata-se neste romance a peregrinação de um neto ao longo de um continente, bem como inúmeras peripécias na sua cidade natal, habitada por todo um grupo de personagens curiosas."
    Continue Reading


    Também podem ouvir esta opinião no podcast, aqui.

    Homegoing é o livro de estreia de Yaa Gyasi, uma autora do Gana, que também está publicado em português com o título Rumo a Casa, pela Editorial Presença. Foi um livro que me suscitou curiosidade o ano passado e sobre o qual li várias opiniões bastante positivas. Por isso, achei que já era altura de o ler, e aqui estamos.

    Homegoing mostra-nos como algumas vivências que não são, necessariamente, nossas podem perdurar no tempo e tornarem-se heranças colectivas e individuais. Começamos o livro com a história de duas irmãs no Gana, Effia e Esi, que não sabem da existência uma da outra e que têm destinos bem diferentes. Uma delas casa com um traficante de escravos e vive uma vida feliz no Gana, enquanto a outra é vendida como escrava e levada para as plantações nos Estados Unidos. O livro atravessa praticamente dois séculos, desde meados do século XVIII até aos dias de hoje, de forma a mostrar o quanto as consequências destes eventos influenciaram as gerações seguintes, dos seus descendentes: uns no Gana e outros nos Estados Unidos.

    A forma como o livro está organizado faz com que seja uma espécie de colectânea das histórias das várias pessoas que descendem destas duas irmãs. Temos, no total, 14 personagens, com um capítulo dedicado a cada uma, onde podemos perceber de que forma as vivências da geração anterior afecta os da geração seguinte. Porque as memórias, os traumas, as experiências acabam por ser transmitidos desta forma e afectam as vidas de cada um, mesmo que não tenham passado directamente por estas experiências.

    Gostei muito deste livro. Confesso que, ao início, custou a habituar-me à estrutura do livro e a perceber de que linha descendia a personagem sobre a qual estava a ler, mas ao fim de uns capítulos começamos a habituarmo-nos à lógica. Talvez porque somos confrontados com pequenos vislumbres na vida de cada personagem, e não sabemos a história individual de cada uma, não consegui estabelecer grandes laços emocionais com nenhuma delas. No entanto, a ligação emocional cria-se devido às temáticas aqui exploradas e que afectam todas elas: questões de identidade, de memória, sobre a colonização, a escravatura, o racismo, a família e o desenraizamento.

    A escrita da autora não tem grandes floreados, é muito directa e crua, mas também devido aos tópicos que aborda, acho que é o ideal para conseguir passar ao leitor a vida de sofrimento, solidão, não entendimento e amargura. Vemos o processo de colonização do Gana pelos ingleses, e que essa colonização não acontece só quando se ocupa um território. Acontece também pela eliminação dos elementos culturais do povo conquistado, através da língua, dos costumes, da religião, e isso está bem patente em especial nos últimos capítulos do livro.

    Este é um livro muito marcante pelo peso da crueldade, do sofrimento e do racismo carregado ao longo dos séculos. É um livro que deve ser lido por todos e do qual gostei muito.


    5/6 - Muito Bom

    (Esta leitura conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)


    Comprar: Bertrand (link de afiliado)

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    Detalhes


    Editora: Penguin
    Páginas: 300
    Sinopse:
    "Effia and Esi: two sisters with two very different destinies. One sold into slavery; one a slave trader's wife. The consequences of their fate reverberate through the generations that follow. Taking us from the Gold Coast of Africa to the cotton-picking plantations of Mississippi; from the missionary schools of Ghana to the dive bars of Harlem, spanning three continents and seven generations, Yaa Gyasi has written a miraculous novel - the intimate, gripping story of a brilliantly vivid cast of characters and through their lives the very story of America itself."

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    Estamos no ano de 2021 e os podcasts têm ganho cada vez mais terreno, tendo cada vez mais variedade e apelando a vários públicos que tem vários interesses. Temos podcasts sobre desporto, humor, entrevistas, música, informação, merdas sem jeito, saúde mental, e é um meio de comunicação e expressão que tem ganho cada vez mais ouvintes e mais pessoas que os queiram fazer.

    Confesso que aderi, como ouvinte, a isto dos podcasts há relativamente pouco tempo, talvez em meados do ano passado. No início, era um meio que não me via a consumir, mas foi conquistando terreno e, de forma mais ou menos assídua, vou-lhe prestando maior atenção. Ouço quando estou a fazer tarefas domésticas, em noites de insónias, transportes, enquanto almoçava sozinha (nos tempos em que dava para ir almoçar fora, lembram-se?).

    E no âmbito da literatura não é diferente. Cada vez são mais as pessoas a optarem por este meio para conversarem sobre livros e sobre literatura, sozinhas ou acompanhadas. Por isso, decidi listar aqui alguns dos podcasts literários portugueses que fui descobrindo com o tempo, que ouço, que acho que valem a pena serem ouvidos por vocês e que me servem de inspiração também.

    Anatomia-do-livro

    Anatomia do Livro - Este foi o primeiro podcast que comecei a ouvir de forma mais atenta e assídua. A Ana, portuguesa a viver na Suécia, traz-nos sempre opiniões interessantes, tem gostos semelhantes aos meus, não tem papas na língua, de vez em quando tem alguns convidados, e eu gosto muito de a seguir.

    fora-da-estante

    Fora da Estante - Este é o podcast da Bárbara, onde ela convida várias pessoas a falarem sobre o seu amor pelos livros e sobre temáticas ligadas à área da literatura.

    livrolicos-anonimos

    Livrólicos Anónimos - Este podcast é feito a duas vozes, pelo João e pela Joana, onde nos levam por várias conversas sobre autores e sobre livros. Já dei algumas gargalhadas a ouvi-los!

    palavra-podcast

    Palavra Podcast - Aqui, a Maria Isaac também partilha o seu amor pelos livros e por temáticas ligadas à literatura.

    porta-setenta

    Porta Setenta - A querida Daniela tem um blog, o Porta Setenta, e decidiu criar um podcast com o mesmo nome que lhe serve como extensão das opiniões que publica por escrito. É um podcast mais recente, mas que vale a pena ser ouvido.
    Continue Reading


    Olá a todos!

    Muito se fala por aqui, e não só, de listas de livros que queremos ler, por um motivo ou por outro. E livros que sabemos que não temos qualquer interesse e intenção de ler? Aqueles livros que não temos mesmo nenhuma intenção de ler, por mais aclamados, sucedidos e importantes que possam ser no campo da literatura. Vi o vídeo de uma das minhas booktubers favoritas a falar disto, a Noelle Gallagher, e achei tão engraçado, que resolvi vir fazer o mesmo.

    Só um pequeno disclaimer: não tenho nada contra os livros que irei mencionar, nem contra os autores, nem contra as pessoas que os leram e adoraram. Só não tenho interesse em lê-los, é uma escolha pessoal.

    Preparados? Aqui vão as perguntas.


    Um livro popular que TODA A GENTE adora, mas que eu não tenho interesse em ler

    Normal People, da Sally Rooney. Teve imenso sucesso quando saiu e nos anos a seguir, muito também pela adaptação para série, mas... Não é para mim. Não tenho mesmo interesse em ler. Sei que se tornou num livro favorito para muita gente, não lhe tiro o mérito, mas não é para mim.


    Um autor ou livro clássico que não tenho interesse em ler

    Eu adoro clássicos e tenho vários autores e obras na lista de livros que quero ler. Mas há alguns livros que não me apelam minimamente. São eles: Guerra e Paz (Leo Tolstoy), Oliver Twist e David Copperfield (Charles Dickens), Moby Dick (Herman Melville) e Em Busca do Tempo Perdido (Marcel Proust).


    Um autor cujos livros não tenho interesse em ler

    James Joyce. Este foi demasiado fácil!! Coitado do senhor, nada contra, mas bastou-me estudar um dos seus contos, quando estava na faculdade e decidi logo ali que era um autor a que não voltaria. Mesmo depois disso, quando me pus a pesquisar sobre outras obras suas, como Ulysses e Finnegan's Wake, a única palavra que me vinha à cabeça era "nope". E o sentimento perdura. 

    Outra autora é Sarah J. Maas. Autora amada por uma grande parte das pessoas que gostam de fantasia, mas acho que não é para mim. Não tenho propriamente uma opinião formada, simplesmente não sinto vontade de ler os livros dela. Na mesma linha, está a autora Cassandra Clare.

    Já em língua portuguesa, tenho o nome de Clarice Lispector, ainda que esteja um pouco na corda bamba. Tenho alguma curiosidade, mas não sei se alguma vez irei ler algo escrito por ela. Autores que sei que não vou, de certeza, ler nada deles são Raul Minh'alma e Pedro Chagas Freitas. Não são para mim.


    Um autor de que eu já li alguns livros, mas que decidi não são para mim

    Jane Austen. Li Orgulho e Preconceito e Persuasão e decidi que não era para mim. É uma autora amada por muitos e sei que esta minha opinião vai contra a corrente, mas de facto não acho Jane Austen nada de especial. Sorry!


    Um género no qual não tenho interesse em ler

    Romance romântico. Não tenho nada contra histórias de amor, sei que há livros muito bem escritos dentro desta temática, mas não costumo gostar de livros cujo foco são as relações românticas. Não tenho problemas com histórias de amor dentro de narrativas maiores, como ficção histórica, fantasia, romance contemporâneo, que complementam a narrativa. Mas sendo só a parte do romance, não é para mim.


    Um livro que comprei, mas que nunca vou ler

    Provavelmente A Odisseia, de Homero e Confissões, de Santo Agostinho. O primeiro comprei porque estudámos algumas partes na faculdade e até gostei, mas não sei se algum dia vou ler tudo. O segundo, porque estudámos um pouco de filosofia medieval na faculdade e achei que fazia bem em comprá-lo. Comprei. Não o li. E acho que nunca o vou ler! 


    Uma série de livros que não tenho interesse em ler

    Bom, vamos para a fantasia, né? Há várias séries que já comecei e ainda não acabei, e uma pessoa já tem tanta, mas tanta série para ler que começa a deixar de parte outras tantas de parte logo à priori. Algumas delas são: Hunger Games, da Suzanna Collins, Divergent, da Veronica Roth, e The Folk of the Air, da Holly Black. Nunca me puxaram, nunca me despertaram interesse, e continuo a sentir o mesmo.


    Uma novidade literária que não tenho interesse em ler

    Creio não haver assim um livro que, neste momento, seja uma novidade esperada por muitos e que eu não tenha grande interesse em ler, mas lembrei-me de Klara and the Sun, do Kazuo Ishiguro.


    E vocês? Que livros não vos interessa mesmo ler?

    Continue Reading


    Este livro fazia parte das minhas leituras mais esperadas para este ano. Fiquei a conhecer este livro, a autora e as suas motivações para escrever esta história a partir de uma entrevista com a Nights e a Shadow Frozen, no âmbito do projecto Adagio in Libri. A Sónia contou de forma tão apaixonada e cativante a história por detrás do surgimento deste livro, que me fez logo ter vontade de o ler. E assim o fiz: comprei o livro directamente no site da autora e resolvi lê-lo este ano, também numa leitura conjunta organizada pelas meninas ali acima mencionadas. Terminada a leitura, venho aqui falar-vos um pouco da minha experiência.

    A história de Mors Amor segue duas linhas cronológicas diferentes: a primeira, que é o grande foco do livro, passa-se em meados do século II a.C. na Lusitânia e segue uma das tribos lusitanas que luta contra a conquista pelo Império Romano; a segunda, transporta-nos para finais do século XIX, em Torredeita, no distrito de Viseu, para um momento muito peculiar onde coisas estranhas, quase sobrenaturais, começam a acontecer. Num misto de ficção histórica com elementos de fantasia e de sobrenatural, a autora vai-nos revelando estas histórias tão cativantes sobre um passado português que, infelizmente, se sabe tão pouco. E quando se sabe, as fontes são sempre externas, da perspectiva do povo conquistador, neste caso Roma, uma vez que os lusitanos não deixaram registos escritos que nos permitam ter conhecimento em primeira-mão sobre eles. Dos registos romanos, sabemos que os lusitanos eram um povo ibérico corajoso, hábil em tácticas de guerrilha, com uma forte hierarquia guerreira e foi o que durante mais tempo fez frente ao domínio de Roma. Em termos religiosos, tinham uma mitologia com deuses e rituais próprios, com crenças muito semelhantes ao que hoje sabemos da mitologia e cultura celta das Ilhas Britânicas. Algumas das figuras históricas lusitanas mais conhecidas figuram neste livro, como Púnico, o grande unificador e líder das vários tribos lusitanas contra a invasão romana, mas também Cesaro, Caucenos, Táutalo e Viriato que, aqui, é ainda uma criança.

    O que Sónia nos traz é, então, uma história ficcionada sobre este período histórico e sobre estas tribos lusitanas que tanta luta deram a Roma. Podemos conhecer alguns dos seus deuses, do seu modo de vida, das suas crenças e rituais, das suas tácticas militares, numa narrativa riquíssima em detalhe e pesquisa histórica que não é despejada ao leitor, mas faz, sim, parte de todo o contexto do enredo propriamente dito. Dentro deste contexto histórico, temos a história ficcional de várias personagens que lutam para sobreviver e manter viva o seu modo de vida e a sua cultura. Gostei bastante do enredo, da escrita e da forma como a narrativa está estruturada. Gostei bastante de encontrar um livro cujo contexto histórico é o dos povos lusitanos, algo que não é, de todo, explorado por literatura nenhuma. Editoras portuguesas: vocês peguem neste livro porque tem muito potencial, qualidade e público garantido, de certeza! Gostei das personagens principais, mas não consegui criar laços com nenhuma delas, talvez porque o foco é mostrar de que forma elas têm influência no decurso da acção e dos vários acontecimentos, e não tanto a dimensão psicológica das mesmas. Alguns momentos também me pareceram um pouco apressados, mais para o fim do livro, mas também pode ser algo que foi mencionado ao de leve e que só iremos compreender melhor noutros livros.

    Quero também dizer que, uma vez que este livro foi auto-publicado, iria beneficiar de uma boa revisão no que diz respeito à pontuação e a algumas gralhas que existem no livro, mas que não interrompem a fluidez do discurso narrativo nem confundem o leitor. O livro acaba "não acabando", porque a autora nos deixa pendurados, à espera do que virá nos próximos volumes, que nos ajudem a unir as pontas soltas que aqui ficaram e que, tenho a certeza, farão sentido nos próximos livros. No fim, a autora deixa uma lista de todas as personagens intervenientes, inclusive com uma breve descrição histórica das personagens que, de facto, existiram.

    Gostei do livro, do ambiente histórico, do enredo que Sónia criou, e de saber que há alguém interessado no nosso passado histórico que remonta a estes homens e mulheres tão valorosos. Já mereciam livros assim! Aconselho todos a irem ver a entrevista da Sónia e a perceber melhor o que está por detrás deste livro. É impossível ficar indiferente!

    4/6 - Bom

    (Esta leitura conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)

    __________________

    Detalhes

    Páginas: 326
    Sinopse:
    "Os historiadores, os poetas e os bardos têm por hábito contar os feitos dos vencedores. Grandes conflitos ganhos por generais e seus exércitos, aventuras em que a supremacia de uns, se sobrepõe à derrota de outros.

    A história da Lusitânia é escassa, pois os únicos relatos que chegaram até nós, chegaram justamente por quem a conquistou. Mas que extraordinários devem ter sido estes homens da montanha! Suscitaram pelos próprios conquistadores, a necessidade de mencionarem os que tombaram nos seus anais de forma tão solene e reverente.

    Esta não é uma história de guerra ou de batalhas. Não exulta as façanhas deste ou doutro estratega militar. É tão só e apenas um testemunho das vidas destes homens e mulheres, Lusitanos, que durante 200 anos tentaram manter as suas tradições e a sua cultura contra o maior império do mundo: Roma."
    Continue Reading


    Este livro é uma longa carta, cheia de emoções, memórias, feridas abertas. É uma carta do narrador à sua mãe que não sabe ler nem escrever em inglês. A mãe do narrador, um rapaz chamado Little Dog, é uma mulher que veio com a sua mãe do Vietname para os Estados Unidos, depois da guerra e, tal como acontece com várias comunidades de imigrantes nos Estados Unidos, nunca se integrou completamente na sociedade americana. Por isso, não sabe ler nem falar em inglês, as suas vivências ainda são um misto entre a cultura vietnamita e o mundo americano no qual ela não pertence. Por outro lado, Little Dog, é um rapaz que vive no limiar: entre a cultura do país em que nasceu, a América, e o mundo da mãe e da avó, no Vietname. E nesta longa carta que Little Dog escreve à mãe é colocada toda a sua mágoa, arrependimento, tristeza, memórias sobre si mesmo e os outros, memórias essas que se mesclam com memórias que não são suas, mas sim da sua mãe e avó. Só que a única certeza que tem, é a de que a sua mãe nunca a poderá ler. E talvez por isso mesmo, Little Dog se apresente tão vulnerável, tão disposto à partilha, num registo tão confessional e tão perto do fluxo de consciência que, por vezes, torna a narrativa fragmentada e um pouco difícil de seguir. 

    Este livro é um marco. É um tour de force emocional pelos temas que abarca: desde tensões raciais, sexuais e de género, saúde mental, toxicodependência, violência doméstica, descoberta de identidade em todos os aspectos, tudo é unido pela linguagem poética que Vuong lhe imprime. Há, de facto, um foco na linguagem, de como ela está ligada às experiências que temos, às nossas memórias, à forma que encontramos para expressar determinados sentimentos. A linguagem, a sintaxe, as palavras são de extrema importância neste livro e fazem parte da história que Little Dog quer contar. Por isso, este é um livro que, apesar de curto, é preciso ser lido com atenção, devagar, degustando cada palavra. É uma história complexa com várias ramificações e que se torna tocante. Houve momentos em que só me apetecia saltar para dentro do livro e dar colo a Little Dog.

    Gostei deste livro por todos estes aspectos, mas podia ter gostado mais se o tivesse lido noutra altura. Este livro estava na minha lista há vários meses e achei que estava na altura de o ler, mas a verdade é que, mentalmente, não estava com a cabeça para aí virada. Por ser um livro com uma estrutura narrativa mais fragmentada é preciso uma disponibilidade que eu, infelizmente, não tinha. Por isso, apesar de ter gostado do livro, de ter apreciado e notado todas as suas especificidades, não consegui desfrutar dele em pleno porque não era o momento certo para mim. Ainda assim, não posso deixar de recomendar este livro que, inclusive, já está publicado em português, com o título Na Terra Somos Brevemente Magníficos.

    4/6 - Bom

    (Este livro conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)

    Comprar | Bertrand (link de afiliado)

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    Detalhes

    Lido no Kobo
    Sinopse:
    "On Earth We're Briefly Gorgeous is a letter from a son to a mother who cannot read. Written when the speaker, Little Dog, is in his late twenties, the letter unearths a family's history that began before he was born — a history whose epicenter is rooted in Vietnam — and serves as a doorway into parts of his life his mother has never known, all of it leading to an unforgettable revelation. At once a witness to the fraught yet undeniable love between a single mother and her son, it is also a brutally honest exploration of race, class, and masculinity. Asking questions central to our American moment, immersed as we are in addiction, violence, and trauma, but undergirded by compassion and tenderness, On Earth We're Briefly Gorgeous is as much about the power of telling one's own story as it is about the obliterating silence of not being heard.

    With stunning urgency and grace, Ocean Vuong writes of people caught between disparate worlds, and asks how we heal and rescue one another without forsaking who we are. The question of how to survive, and how to make of it a kind of joy, powers the most important debut novel of many years."
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