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Papéis e Letras

Divagações sobre livros e a minha vida de leitora

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    As histórias contidas neste livro de contos tecem uma atmosfera gótica para denunciar aspectos da sociedade e cultura argentinas. Aqui são explorados alguns dos aspectos mais sombrios e perturbadores da natureza humana e da sociedade, como a pobreza, a violência, as desigualdades sociais, as lutas psicológicas das personagens e a decadência urbana de algumas das paisagens da Argentina.

    A escrita da autora provoca desconforto em todos os contos e cria uma atmosfera de suspense que, por vezes, confundem até a linha entre a realidade e o sobrenatural, focando-se na vida interior complexa das suas personagens. Estas histórias são sombrias, perturbadores, com elementos de horror e que causam estranheza, precisamente para explorar as ansiedades e as questões sociais predominantes na sociedade da Argentina.

    Aqui são abordados temas ligados à violência, aos elementos sobrenaturais, às experiências femininas, às desigualdades sociais, passando também pela decadência urbana e pela turbulência psicológica nas vivências internas das personagens e, por isso, temos também o medo e a ansiedade.

    Este é um livro muito rico e, como todos os livros de contos, tem uns de que gostamos mais e outros de que gostamos menos. No geral, gostei muito do livro, apanhou-me de surpresa no tratamento da estética gótica que, aqui, está presente precisamente para denunciar os aspectos que mencionei. Gostei, também, de sairmos do cenário mais habitual do gótico, que são as paisagens do norte da Europa, para a América Latina, com as suas particularidades, mas cujos cenários e vivências se prestam tão bem para a escrita de histórias góticas. Uma autora a continuar a ler, sem dúvida!


    4/5 - Gostei Muito


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    Este livro é um murro no estômago. É a história de uma vida povoada de situações pelas quais ninguém deveria passar. Viola Davis provou ter uma vontade maior que os seus traumas e que o lugar de onde veio, contrariando as expectativas que toda a gente tinha para ela. Agarrando-se à escola e ao seu objectivo de se tornar actriz também como fuga à sua situação de pobreza e violência familiar, Viola emerge de um lago lamacento de onde pouca gente consegue sair. Vinda de um contexto em que pouca gente singra, Viola encontra uma forma de sair de lá, de lidar com os seus traumas e de conseguir uma vida digna e merecedora. 

    Este é um livro marcante, duro, que oferece muitas reflexões a nível pessoal, mesmo para quem não passou pelas mesmas situações pelas quais Viola passou. O meu livro está cheio de post-its e sublinhados, é daqueles que não vou emprestar a ninguém, e virou um favorito deste ano e da vida. A história de Viola é um exemplo de resiliência, de sobrevivência e de maturidade. Um mulherão que prova que somos mais do que aquilo que nos acontece, e que a certa altura somos responsáveis pela nossa própria cura, por lidar com os nossos problemas. E isso, minha gente, é fruto de muita terapia. Acreditem, que eu também o sei.

    Fica a vontade de ter uma conversa "daquelas" com a dona Viola, de a abraçar e de lhe agradecer por ter escrito um livro tão importante.


    5/5 - Adorei
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    A Dowry of Blood conta-nos a história da primeira noiva de Drácula, aqui com o nome Constanta. O livro é narrado na primeira pessoa, pela perspectiva de Constanta, num livro em que o Drácula nunca é nomeado. É apenas o marido, o amante, o homem sedutor. Ficamos a saber o contexto da transformação de Constanta de humana em vampira e de como é a sua vida como noiva do Drácula ao longo dos séculos.

    A escrita deste livro é muito bonita. Inclusive, parece que estamos a ler um livro de vampiros escrito no século XVIII ou XIX, e por isso é dotado de uma linguagem cuidada e sensível que transmite o estado emocional e mental da nossa protagonista nesta nova vida enquanto vampira, mas também enquanto presa de um predador. Afinal, a história bem espremida é sobre como é viver uma relação abusiva sob o ponto de vista de quem é abusado. 

    Ao longo dos tempos, a figura do vampiro sempre convidou a várias leituras, representando várias coisas, como: aqueles que não se conformam com as normas sociais; o medo do outro, do desconhecido; comportamentos sociais desviantes; aquilo que está sexualmente reprimido; medos e ansiedades relativos a doenças, raça, o controlo sob algo ou alguém; o lado obscuro e sombrio do ser humano; a dependência de substâncias; ao mesmo tempo que representa o poder, a sedução e a imortalidade. De acordo com a época, o vampiro pode representar estas ansiedades contemporâneas.

    Aqui, especificamente, temos a representação de relações abusivas, e o vampiro representa o papel do abusador que controla, manipula e isola a sua vítima, numa atitude predatória que é típica do vampiro. Por isso, temos uma visão de uma relação deste tipo pela perspectiva de uma das suas vítimas e é por isso que o abusador não tem nome. Quem tem nome são as vítimas desta relação doentia e que lutam para se conseguirem libertar das suas amarras. São essas pessoas que necessitam de serem lembradas e cujos nomes devem ser repetidos para que não se esqueçam.


    4/5 - Gostei Muito

     

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    Podem ouvir a minha opinião completado podcast, AQUI.

    Hamnet é um livro maravilhoso. Explorando a possível história da família de Shakespeare, a autora apresenta-nos a protagonista, Agnes, a esposa deste homem que não tem nome e que se tornará um nome maior da literatura inglesa. É através dos olhos de Agnes que somos apresentados às vivências domésticas e quotidianas desta família, ao espaço em que habitam, e aos restantes membros da família, nomeadamente a Hamnet, um dos filhos de ambos.

    Tendo o amor e a família como aspectos centrais do livro, a obra apresenta-nos as maneiras diferentes de se experienciar e lidar com a perda e o luto. É um livro duro e emocionante que apela à nossa empatia em relação a estes temas e vemos estas questões exploradas tendo como ponto de vista principal a visão de Agnes. Vemos, também, como esta perda é vivida e sentida de forma diferente pelas personagens e de que maneira estes momentos trágicos podem influenciar a expressão artística.

    Este é um livro que vive do uso da linguagem e das emoções, sem se tornar lamechas ou sentimentalista. A escrita de O'Farrell é detalhada e sensorial, transportando-nos para aquele ambiente e para o sofrimento daquela família. É um livro duro sobre um tema difícil, mas que brilha pela forma como nos é apresentado e nos faz sentir ao longo da leitura.

    Recomendadíssimo!

    4/5 - Gostei Muito


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    Esta foi uma releitura e podem ler a minha opinião da primeira vez que li este livro, AQUI.

    Este livro conta-nos a história de Daniel Sempere, um rapaz que vive na Barcelona do pós-guerra e que, após ser levado pelo pai a esse local misterioso que é o Cemitério dos Livros Esquecidos, ganha um interesse e uma obsessão sobre um livro que lê e o seu autor: Julián Carax. A partir daqui, o livro segue Daniel na sua procura de informações sobre a vida de Julián Carax, um autor enigmático e sobre quem se sabe muito pouco, à medida que vai-se cruzando com outras pessoas que acrescentam à sua vida.

    Este livro é sobre o amor aos livros e às histórias, histórias essas que são as que lemos nos livros, mas também as que são partilhadas connosco pelas pessoas que estão nas nossas vidas. É sobre o poder transformador das histórias e como elas têm poder de nos moldar enquanto pessoas. O livro também é sobre vivências do pós-guerra e sobre a memória destas personagens sobre como a guerra as tocou. E é, acima de tudo, sobre Daniel: o seu crescimento, a busca pela sua própria identidade, as descobertas enquanto jovem adulto e sobre o que aquele livro e Julián Carax representam para ele.

    Gostei muito deste livro pela viagem que fazemos àquela Barcelona e às suas ruas cheias de história e de mistério. Voltei a adorar a história de Daniel e do Cemitério dos Livros Esquecidos, que nos fica sempre na memória, de testemunhar mais uma vez o seu crescimento num homem adulto e a sua viagem de auto-conhecimento. 

    Um livro que continuarei a recomendar pela sua aura de mistério, intriga e personagens enigmáticas, e porque fala do amor aos livros e às histórias.


    4/5 - Gostei Muito



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    Este é um pequeno grande livro, digo-vos já. Temos aqui uns Estados Unidos após a Primeira Guerra Mundial, o ressurgir do Ku Klux Klan e um grupo de jovens mulheres que se dedica a caçá-los. Só que, aqui, a coisa é diferente, ou não estivéssemos perante um livro que oferece uma história alternativa com laivos de fantasia e terror: temos o Klan, que são membros deste grupo; e os Ku Kluxes, que são demónios que se alimentam do ódio dos primeiros.

    Assim sendo, aqui fala-se de racismo, de violência, mas também de resistência e heroísmo à medida que as personagens são confrontadas com males sobrenaturais, criando um paralelismo entre os horrores históricos do Ku Klux Klan e os horrores sobrenaturais do livro, sendo que estes servem como metáfora para os primeiros. Temos, ainda, referências a elementos das mitologias e folclore do povo africano, a explicação do que é um Ring Shout, questões ligadas à lei Jim Crow, uma lei segregacionista que esteve em vigor até meados do século XX, e um grupo de mulheres fortes, corajosas e destemidas, lideradas pela protagonista do livro, que é Maryse, naquela que é uma espécie de resistência mágica a estas criaturas e aos seus actos.

    Gostei muito do livro pelas reflexões que me propôs, pela criatividade nesta história alternativa, por estas personagens femininas centrais e que são tão fortes, e pela profundidade em momentos aparentemente superficiais. Um livro recomendadíssimo e ficou a vontade de ler mais deste autor.


    4/5 - Gostei muito

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    Esta foi uma releitura feita para a iniciativa "1 ano na Terra Média", da Sandra Bettencourt, no Instagram. Podem ler a minha primeira opinião AQUI.

    Esta releitura foi deliciosa! Amei voltar à Terra Média e às aventuras de Bilbo Baggins, o hobbit que só queria estar em casa a beber chá e a comer bolinhos, mas que é empurrado para uma demanda com Gandalf e treze anões que passa por vários territórios da Terra Média. Foi uma viagem que voltei a adorar fazer e, confesso, que algumas coisas já não me lembrava que aconteciam de determinada forma. Desta vez, acompanhei a leitura com o audiobook narrado pelo Andy Serkis (actor que dá corpo e voz a Smeagol/Gollum, nas adaptações para o cinema de Peter Jackson), e só posso dizer que ainda bem que o fiz. A narração é espectacular e dá vida às palavras escritas por Tolkien. Aconselho de olhos fechados! Um livro em que se fala da importância da amizade e das relações humanas para se conseguir chegar a algum lado (aqui literalmente) e conseguir atingir os nossos objectivos.

    Para quem se quer iniciar na obra de Tolkien, ou no género da Fantasia, esta obra é uma excelente porta de entrada. A linguagem não é difícil, o livro não é grande, e lê-se muito bem, mesmo para quem não esteja habituado a ler Fantasia. Mais do que recomendado!

    5/5 - Adorei


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    Este é um livro de terror, de suspense psicológico, mas também um drama familiar. Fala-nos de dois irmãos, Louise e Mark, que, após a morte repentina dos seus pais, têm de tratar de tudo o que vem a seguir: partilhas, testamento, heranças. Porém, estes dois irmãos não se dão bem, não têm uma relação afectiva, e passam a vida a discutir um com o outro. Posto isto, uma das coisas que é deixada em herança é a casa dos pais, que um quer vender e o outro não. E, como podem adivinhar pelo título, esta casa está assombrada. Mas por quem? Porquê? De que forma se manifesta esta assombração? Que efeitos isso tem nas personagens? Bom, só lendo é que vão saber!

    A construção do ambiente deste livro é exímia. Sente-se a tensão entre os irmãos, mas também a tensão provocada pelos eventos que têm lugar na casa dos pais. Sentimos sempre que a casa é estranha, que há ali qualquer coisa que não está bem, que nos inquieta e incomoda. Há coisas horríveis que se sucedem, numa montanha russa de eventos sobrenaturais e emocionantes que são doseados e apresentados nos momentos certos. E quando achamos que a coisa já está resolvida... eis que não está!

    Este é um livro sobre como o passado nos pode voltar para assombrar, mas aqui de forma literal. De como os traumas, os segredos, as coisas mal contadas, as conversas que não são tidas, podem ter impacto nas pessoas que somos e nas coisas que fazemos. Também nos fala de luto e do quão difícil pode ser deixar alguém ir, admitir que essa pessoa já não está connosco, e aceitar que a vida segue mesmo depois da morte de alguém que nos é próximo.

    Gostei muito deste livro: do ambiente que é criado, da forma como o autor joga com as nossas percepções em relação às personagens, do drama familiar, dos elementos de terror do livro, e das reflexões que provoca. Definitivamente, um autor a explorar!


    4/5 - Gostei muito

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    O Segredo da Ordem de Cristo é um livro de ficção histórica que nos transporta para a Idade Média portuguesa, mais especificamente para o início do século XIV e para o reinado de D. Dinis. Aqui, seguimos uma personagem que possui um segredo deixado pelos Templários, ordem extinta por Filipe, o Belo, e que é continuada em Portugal pela recém formada Ordem de Cristo. Este segredo, ninguém sabe o que é, mas tratando-se de Templários podemos conjecturar algumas hipóteses, embora só nos seja revelado praticamente no fim do livro.

    O que temos aqui é, então, um retrato fiel sobre a vida na Idade Média, sobre as angústias e ansiedades, de ordem prática e espiritual dos que viviam nesse período, desde o rei, ao guerreiro e ao camponês. Fala-se de luz e trevas, do Bem e do Mal, de vivências terrenas e dilemas espirituais, tudo descrito com uma linguagem cuidada e que nos transporta para este período. De facto, a linguagem é um ponto forte, porque senti que estava a ler um livro escrito no período medieval, por uma daquelas personagens.

    Houve apenas uma coisa que, por vezes, me confundiu. Há momentos em que os pontos de vista mudam, em que já não é a mesma personagem o foco daquele capítulo, e isso não é bem claro, deixando-nos um pouco desnorteados, sem saber quem está a falar, ou de quem se está a falar. Se insistirmos com o texto, percebemos, mas por vezes pode baralhar-nos.

    De resto, é um livro bem construído, com uma temática interessante e que nos deixa intrigados para descobrir o tal segredo, ao mesmo tempo que nos oferece uma viagem física, geográfica pelo território português, mas também espiritual, na qual as personagens se vão indagando por algumas questões com as quais se deparam. Se gostam de ficção histórica, de Templários e mistérios, este livro é para vocês.


    3/5 - Gostei


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    Podem encontrar a minha opinião completa no podcast, AQUI.

    O livro fala-nos de um vírus que estava adormecido, mas que, depois de descoberto, é disseminado pelos humanos e acabar por contagiar e eliminar uma boa parte da população mundial. Tendo sido escrito antes da pandemia de COVID, o livro torna-se quase uma previsão do que estava para vir, mas sendo um livro de ficção científica vai extrapolar a nossa realidade. O livro é um conjunto de histórias de várias pessoas diferentes sobre como vivem aquela situação, mas também nos leva a alturas diferentes desta pandemia, por isso temos uma perspectiva sobre a evolução da doença e as formas que a Humanidade encontrou para lidar com ela ao longo dos séculos.


    Neste mundo devastado pela morte e pela incerteza da existência de uma cura, vamos vendo como é que as várias gerações que se vão seguindo lidam com isto. Por isso, o livro é sobre a morte, sobre o luto, sobre de que forma pessoas diferentes lidam com isso de forma diferente. É sobre como recordamos quem perdemos, mas também como se anda para a frente depois de algo tão marcante na vida - seja ela individual ou coletiva. É também a história sobre como se pode evoluir, enquanto Humanidade, depois de um evento desta magnitude, demonstrando também o poder da perseverança humana, através das tentativas de encontrar uma cura, mas também de como tornar a vida dos contagiados mais confortável.


    Apesar de tudo isto, não me consegui ligar ao livro. Não me consegui conectar com as personagens nem com as histórias que elas contavam. A estrutura do livro faz-nos sentir que estamos a ler pequenos contos e, por isso, temos acesso a pequenas partes das vidas das pessoas cujos pontos de vista aqui temos. E eu não me costumo dar bem com o formato dos contos porque preciso de desenvolvimento e da construção de personagens, de contextos, e talvez isso não tenha ajudado. Não me suscitou qualquer interesse, e a dada altura já só queria “despachar” o livro para passar para o seguinte. E quando isto acontece, é mau sinal… Há muita gente que adorou este livro, por isso deixo à vossa consideração. As opiniões são sempre subjectivas e esta foi somente a minha experiência de leitura.


    2/5 - Meh



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    Neste livro vamos encontrar a história de Angrboda, figura menor da mitologia nórdica, mas de sobeja importância para os eventos finais deste panteão. Aqui, temos a história de uma mulher bruxa, que vive na floresta afastada de tudo e de todos, que só quer ser deixada sossegada no seu canto, mas que inevitavelmente se vê como primeira amante do deus Loki, deus da mentira e da trapaça, e mãe de algumas das figuras mais monstruosas da mitologia nórdica.

    Esta é uma história sobre resiliência, amor, maternidade, e sobre reconhecer e assumir o nosso poder interior. Angrboda é uma mulher inteligente, sábia, forte, até bem humorada, mas que tem um poder enorme que quer esconder. E é claro que isso corre bem só até certa altura... E à medida que a história avança, os temas vão ficando mais complexos e a coisa vai ficando mais negra e dolorosa para ela. Há episódios de violência, de trauma, momentos angustiantes para todos, e a escrita da autora faz-nos sentir que estamos lá com estas personagens e a viver o que elas vivem.

    Gostei bastante deste livro pela escrita da autora que nos liga às personagens, pela caracterização de personagens tão especiais como Angrboda, Loki e Skadi, por nos oferecer um outro olhar sobre figuras mitológicas e sobre os acontecimentos narrados nessa mitologia. Angrboda é, sem dúvida, uma personagem feminina marcante e sofre uma evolução tremenda. Afinal, a mulher que encontramos no início do livro, não é a mesma que encontramos no fim, depois de muitas dores e transformações.

    Se gostam de mitologia nórdica, aconselho vivamente este livro!


    4/5 - Gostei muito


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    Este livro é um clássico da literatura dos Estados Unidos e percebo porquê. Temos aqui uma história sobre o adolescente Holden, narrada na primeira pessoa, que é um rapaz desiludido com a vida e com o mundo. Após ser expulso do colégio por causa do insucesso escolar, Holden vagueia por dois dias na cidade de Nova Iorque, enquanto divaga sobre a sua vida e sobre a sua visão do mundo.

    Este é um livro que explora temáticas relacionadas com a alienação e o isolamento, neste caso de Holden, que é um rapaz que não se identifica com nada nem com ninguém, e isso traz-lhe algum sentimento de desesperança e angústia. Por causa disto, não consegue estabelecer ligações afectivas e emocionais com ninguém, o que contribui para o seu sentimento de alienação e acaba por o fazer sofrer. Nesse sentido, temos também aqui presente a questão da saúde mental na adolescência, num rapaz que não encontra sentido em praticamente nada. Holden é, claramente, um rapaz num momento de transição, em que não é criança, mas também não é adulto, e que tenta navegar da melhor forma neste momento complicado.

    O livro tinha tudo para correr bem, mas acho que a tradução não ajudou. A tradução pareceu-me muito seca, vazia de emoção, ao ponto de achar que estava só a ler a história de um adolescente irritante e chato. Não li o original, mas fiquei com vontade de o fazer, para ver se há alguma diferença e alguma coisa que não tenha passado na tradução para português. Ainda assim, ainda bem que fiz esta leitura, porque senti que consegui retirar algo dela: o retrato de um adolescente desencantado com o mundo e a sua visão angustiante da vida adulta, na qual ele não quer entrar.

    3/5 - Gostei


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    À semelhança de Assassin's Apprentice, também este livro foi uma releitura. Li-o assim que terminei o primeiro e, sinceramente, já não me lembrava o quanto ia sofrer neste livro! Mas vamos por partes.

    A história começa exactamente onde o primeiro livro acabou e, por isso, temos aqui a continuação do primeiro livro no sentido em que continuamos a seguir a história de Fitz, das suas descobertas identitárias, no desenvolvimento das suas habilidades enquanto espião e assassino, mas também nas técnicas empregues com a Wit e a Skill. Vemos também Fitz a aprofundar relações com Verity, o seu tio, mas também com Burrich, o Bobo, Chade e Molly. Fitz já não é uma criança e, por isso, vemos também o seu crescimento a caminho de ser adulto, com todas as dores que isso representa. 

    Neste livro, Fitz é confrontado com as consequências das suas escolhas e acções, sejam elas justas ou não. Mas também é isso que significa crescer, certo? Fitz perde, aqui, muita da sua inocência enquanto tenta navegar neste mundo no qual ele não tem a certeza a que pertence. O ritmo da leitura torna-se mais lento, muito focado na construção psicológica e emocional das personagens e na descrição daquilo que rodeia Fitz: as intrigas da corte, as lutas de poder, as mentiras, os enganos. Mas é tão bom voltar a ler tudo isto! Robin Hobb é exímia a construir personagens e a fazer com que sintamos com elas. E, sinceramente, já não me lembrava do quanto o Fitz sofre no final! São umas últimas páginas de angústia, mas tão bem escritas que parece que estamos lá com aquelas personagens.

    Mais uma releitura fantástica - só não lhe dou a pontuação máxima porque, devido às descrições, o ritmo se torna mais lento, mais vagaroso. Mas fora isso, excelente! Por cá, está publicado pela Saída de Emergência, com o título O Punhal do Soberano.


    4/5 - Gostei muito


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    Este é um livro cuja história narra a fundação da livraria Shakespeare & Company, em Paris. Somos transportados para os anos 20 do século XX, logo após a Primeira Guerra Mundial, e a Sylvia Beach - uma jovem americana que se muda para Paris, apaixona-se pela cidade e, pelas circunstâncias, decide abrir uma livraria.

    Só que esta livraria não é somente um local onde se pode comprar livros. É o ponto de encontro de vários autores que vão vier para Paris, é um centro cultural que fervilha de ideias, e onde vemos confluir nomes como Gertrude Stein, T.S. Eliot, Ernest Hemingway, F. Scott Fitzerald e James Joyce. James Joyce, aliás, que se encontra no processo de publicação de Ulysses, um livro que foi considerado obsceno e controverso na época e que ninguém queria publicar. É aí que a Shakespeare & Company entra e decide arriscar. Isto é importante porque Sylvia e Joyce têm uma relação de amizade que se baseia praticamente na genialidade de Joyce, mas é uma relação claramente em desequilíbrio, uma vez que Sylvia parece estar quase obcecada com a genialidade de Joyce, enquanto ele não a vê na mesma dimensão.

    Apesar de ser um bom livro de ficção histórica, que nos transporta para aquele período e nos permite ouvir as vozes deste leque de pessoas que, ao longo das décadas, se foram consagrando, não consegui estabelecer uma ligação com nenhuma das personagens. É um bom livro, conta uma história e leva-nos para um tempo distante e interessante. Contudo, não fez muito mais por mim.


    3/5 - Gostei

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    Que bem que me soube voltar à escrita, às personagens e ao mundo criado pela Robin Hobb! Tendo sido uma releitura, já sabia o que ia encontrar, mas voltei a lembrar-me porque é que gostei tanto destes livros, e de que é que são feitas estas personagens.

    Aqui, temos um mundo de fantasia de moldes medievais, com personagens muito bem construídos, dos quais destaco os meus favoritos: Fitz, o protagonista, Burrich, Chade e, claro, a figura mais enigmática destes livros, o Bobo. Neste livro acompanhamos Fitz na sua jornada de crescimento e descoberta, com todas as dores que isso implica, mas ampliadas pelo facto de ser um filho ilegítimo do herdeiro ao trono dos Seis Ducados. Ao mesmo tempo que tem sangue real e é incluído em várias missões em serviço ao rei, Fitz também se sente sozinho e isolado, com a sensação de que não pertence a lugar nenhum. Mas para isso apoia-se em Burrich, uma espécie de figura paternal, mas também em Chade e no seu tio Verity.

    Aqui, a magia está presente através de duas habilidades que Fitz possui e que, ao longo da história, vai treinando: a 'Wit', a capacidade de comunicar e estabelecer laços com animais; e a 'Skill', uma espécie de habilidade telepática que permite comunicar e influenciar outras pessoas. Tudo isto mistura-se com intrigas políticas e palacianas, com lutas de poder, crescimento pessoal, procura de identidade, ao mesmo tempo que Fitz é treinado em segredo para ser um assassino real. Sem esquecer o Bobo que parece saber mais sobre o Fitz e o seu destino do que qualquer outra pessoa, mas cuja identidade permanece um mistério, falando sempre através de enigmas e metáforas.

    O livro agarrou-me tal como me agarrou da primeira vez muito por culpa das personagens. Fitz é uma personagem memorável e marcante, e sentimos as suas dores como se fossem nossas. As outras personagens intervenientes não lhe ficam atrás e toda esta narrativa mantém-nos interessados em saber o que vai acontecer a seguir. Este livro voltou a fazer as minhas delícias e só o posso recomendar aos fãs de fantasia.

    Esta foi uma releitura, cuja primeira opinião, datada de 2016, podem ler aqui.


    5/5 - Adorei


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    Falar sobre A Hora da Estrela parece-me, francamente, redutor. Este pequeno grande livro tem mais camadas que um mil-folhas e será um dos favoritos do ano, quiçá da vida.

    Aqui acompanhamos a história de Macabéa, uma mulher pobre, nordestina, que se tenta adaptar à vida na grande cidade. Mas dizer isto é não dizer nada sobre o livro. Aqui fala-se de Macabéa, mas também sobre a história de Rodrigo S. M., das suas inquietações existenciais, sendo talvez um alter-ego da autora, e ainda sobre o ato de escrever. Isto tudo em menos de 100 páginas.

    A escrita de Clarice é maravilhosa, tanto no seu estilo como nas reflexões que proporcionam. Aqui temos prosa poética, algo que me agrada bastante, questões de metalinguística e de metaficção, temos uma linguagem não linear com o uso do fluxo de consciência, e um foco na descrição psicológica das personagens que nos obriga a uma introspecção profunda ao explorar os seus pensamentos.

    Temos tratados aqui temas como a solidão, o isolamento, as desigualdades sociais, a identidade e a existência, mas também reflexões sobre o processo de escrita, sobre a criatividade, e sobre a relação entre autor, narrador e personagem. Confesso que isto fez as minhas delícias enquanto leitora e enquanto investigadora na área da literatura.

    Este livro encheu-me completamente as medidas. Clarice é um portento literário e só lamento não a ter conhecido antes. 


    5/5 - Adorei


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    Este é livro é um aconchego no coração. Tratando-se de uma 'cozy fantasy', podemos esperar um mundo fantástico sem complexidade, sem um enredo denso e ficado nas suas personagens peculiares. Aqui, temos Viv, uma Orc que, cansada da sua vida de batalhas, decide abrir um café numa vila cujos habitantes não sabem o que é essa bebida estranha. Viv vai-se deparando com outras pessoas que se decidem a juntar a ela e ajudam-na nesta nova demanda de se restabelecer a fazer algo completamente diferente. Porém, e como nem tudo é um mar de rosas, há sempre malta que se quer aproveitar e lucrar com o negócio dela também, impondo-lhe obstáculos que ela vai ter de ultrapassar.

    Legends & Lattes é um livro sobre recomeços e sobre a família que formamos com as pessoas com quem nos cruzamos e mantemos na nossa vida. É sobre laços de amizade que falam mais alto do que laços de sangue, é sobre ter uma rede de apoio que tantas vezes nos pode salvar, é sobre não ter medo de recomeçar e mudar de área em qualquer altura da vida.

    E é, também, sobre o quão acolhedor um espaço novo e pessoas novas podem ser nas nossas vidas. Li este livro em Junho, mas o ambiente transporta-nos para aqueles cafés ou pastelarias em que nos sentamos a beber um chá, a comer um bolo e a ver a vida lá fora, no inverno, quando aquecemos a alma contra o frio que se espalha lá fora. Foi uma bela leitura e mal posso esperar por ler a prequela, que sai em Novembro.

    4/5 - Gostei Muito

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    O Deus das Moscas, de William Golding, é um clássico da literatura. Neste livro, seguimos um grupo de rapazes que se encontram sozinhos, perdidos numa ilha, depois de o avião em que viajavam se ter despenhado. É um livro perturbador, cheio de reflexões sobre a natureza humana, as lutas de poder, e o que acontece quando o ser humano é colocado num contexto sem normas sociais. Tudo isso é ampliado porque os protagonistas não são adultos, mas sim crianças.

    Assim, o livro também lida com a perda da inocência e a fragilidade do ser humano quando confrontado com uma situação tão extrema como esta. É um livro forte, mas achei que houve várias pontas soltas que não foram atadas, e que, a certa altura, a narração se torna repetitiva, insistindo nas mesmas descrições e no mesmo tipo de situações. Ainda assim, foi uma boa leitura e ainda bem que a fiz.

    3/5 - Gostei


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    Este livro marca a conclusão da trilogia The First Law, de Joe Abercrombie. Um livro onde muitas coisas são esclarecidas e no qual as personagens retratadas desde o início assumem, finalmente, os seus lugares para os quais estavam destinados.

    O livro continua muito à volta das temáticas abordadas até aqui, como os conflitos militares, a disputa por territórios, intrigas políticas, lutas de poder, e vemos como cada personagem foi colocada, quase como num jogo de xadrez, para finalmente se conhecer o desfecho desta história. 

    Joe Abercrombie é um mestre a escrever fantasia deste tipo e fiquei fã. Esta trilogia encheu-me completamente as medidas, este livro surpreendeu-me bastante com algumas revelações que são feitas e com o rumo que algumas personagens levaram, e foi um final perfeito para a história e para as personagens. Só posso recomendar estes livros a quem gosta de fantasia que lida com estas temáticas e que tem um pendor mais violento e negro.

    5/5 - Adorei


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