A Dowry of Blood - Opinião
outubro 28, 2023Podem ouvir a minha opinião completa no podcast, AQUI.
A Dowry of Blood conta-nos a história da primeira noiva de Drácula, aqui com o nome Constanta. O livro é narrado na primeira pessoa, pela perspectiva de Constanta, num livro em que o Drácula nunca é nomeado. É apenas o marido, o amante, o homem sedutor. Ficamos a saber o contexto da transformação de Constanta de humana em vampira e de como é a sua vida como noiva do Drácula ao longo dos séculos.
A escrita deste livro é muito bonita. Inclusive, parece que estamos a ler um livro de vampiros escrito no século XVIII ou XIX, e por isso é dotado de uma linguagem cuidada e sensível que transmite o estado emocional e mental da nossa protagonista nesta nova vida enquanto vampira, mas também enquanto presa de um predador. Afinal, a história bem espremida é sobre como é viver uma relação abusiva sob o ponto de vista de quem é abusado.
Ao longo dos tempos, a figura do vampiro sempre convidou a várias leituras, representando várias coisas, como: aqueles que não se conformam com as normas sociais; o medo do outro, do desconhecido; comportamentos sociais desviantes; aquilo que está sexualmente reprimido; medos e ansiedades relativos a doenças, raça, o controlo sob algo ou alguém; o lado obscuro e sombrio do ser humano; a dependência de substâncias; ao mesmo tempo que representa o poder, a sedução e a imortalidade. De acordo com a época, o vampiro pode representar estas ansiedades contemporâneas.
Aqui, especificamente, temos a representação de relações abusivas, e o vampiro representa o papel do abusador que controla, manipula e isola a sua vítima, numa atitude predatória que é típica do vampiro. Por isso, temos uma visão de uma relação deste tipo pela perspectiva de uma das suas vítimas e é por isso que o abusador não tem nome. Quem tem nome são as vítimas desta relação doentia e que lutam para se conseguirem libertar das suas amarras. São essas pessoas que necessitam de serem lembradas e cujos nomes devem ser repetidos para que não se esqueçam.
4/5 - Gostei Muito
0 comentários