As Velas Ardem Até ao Fim - Opinião

junho 01, 2009


Acabei de ler este livro e correspondeu perfeitamente às minhas expectativas.
É um livro com uma escrita bonita, descritiva de tempos e pessoas que marcaram a história das personagens, Konrád e Henrik, agora já velhos que esperaram uma vida inteira para se encontrarem. Para se encontrarem porque era a única coisa que lhes restava fazer, depois de um acontecimento fatal, à sua maneira, se ter interposto entre as suas vidas e mudado o rumo das mesmas para sempre.

Escrito de uma maneira suave, este livro transporta-nos para o fim do século XIX e início do XX, para um casarão habitado por um general, Henrik, que ocupa somente uma parte ínfima da casa, outrora cheia de vida. Numa primeira parte, tomamos conhecimento da vida deste general, os seus ancestrais, a sua infância, o modo como conhece Konrád e como se tornam amigos inseparáveis e como, um dia, ao fim de 41 anos se encontram uma última vez. Depois, segue-se praticamente um monólogo de Henrik, tendo como receptor Konrád, em que este lhe conta a sua vida, as suas dúvidas e as certezas, confronta-o com acontecimentos que o seu amigo desconhecia, no fundo põe para fora tudo aquilo que estava dentro do peito durante anos, palavras que se acumularam com o tempo.

Mas este é um livro que ultrapassa a história destas personagens. Impõe questões importantes, filosóficas, sobre os relacionamentos humanos, sobre o conhecimento da verdade, sobre o que esperamos dos outros e o seu significado. Fala sobre a solidão da espera por um momento que tarda, mas que sabemos que virá e é esse momento que nos faz viver para além de quase todas as pessoa que conhecemos.
E, no fundo, quanto a mim, penso que o título do livro é mais do que adequado. As velas ardem até ao fim enquanto têm pavio, um caminho a percorrer, um objectivo a alcançar. E assim são as vidas também. Só vivemos enquanto ainda tivermos o que fazer, objectivos para lutar, coisas para alcançar. Estas duas personagens esperaram 41 anos para se encontrarem porque era esse o destino de ambas. Não podiam morrer sem antes falarem.

E, no fim, o que parece importante não é a resposta às perguntas porque, se procurarmos bem dentro de nós, sabemos as respostas. Mas sim o que fazemos da nossa vida quando conhecemos e absorvemos a verdade.

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