The Bloody Chamber and Other Stories - Opinião

janeiro 24, 2013


Título: The Bloody Chamber and Other Stories
Autor: Angela Carter
Editora: The Bowering Press
Páginas: 157
Sinopse:
"The Marquis takes his young wife to a magic castle in the sea, where his embrace will mean her death. A lion, beautiful but strange, bargains for love. Puss, the finest ginger tom in the world, brings his master good fortune more by judgement than by luck. In the freezing winter woods, a wolf howls; but a wolf may be more than he seem...
These glittering stories are also more than they seem. The work of one of our most original young writers, they are not so much retellings of fairy tales as meditations on the imaginative content of such tales. Here, the Sleeping Beauty becomes a lovely vampiress; Red Riding Hood subdues the wolf to become, at last, a wolf herself. For under the sensuous and precise language, a complex argument on human nature and man's relationship to his animal nature is being conducted. Penetrating, witty, polished, each tale casts its spell over the reader who emerges dazzled and enchanted."

Opinião:

Este The Bloody Chamber and Other Stories é composto por vários contos todos baseados em contos de fadas infantis, principalmente dos contos de Perrault. Uns mais longos do que outros, os contos são estes: The Bloody Chamber (baseado na história do Barba Azul), The Courtship of Mr. Lyon, The Tiger's Bride (ambos baseados na Bela e o Monstro), Puss-in-Boots (baseado no Gato das Botas), The Erl-King (baseado na figura de folclore erlking, que era uma espécie de espírito da floresta), The Snow Child (cujas raízes estão em várias histórias de folclore, mas pode ser considerado uma versão bastante obscura da Branca de Neve), The Lady of the House of Love (baseado numa peça para rádio chamada "Vampirella"), The Werewolf, The Company of Wolves e Wolf-Alice (os três baseados no Capuchinho Vermelho).

Todos os contos têm elementos destas velhas histórias, que reconhecemos imediatamente. Angela Carter adiciona-lhes um ambiente mais soturno e obscuro, quase gótico, e com algumas partes mais sangrentas. O que me parece central em todos eles, é a figura da mulher. Estamos habituados a ver a mulher, ou donzela, sempre em perigo, dependente de um cavaleiro que a venha salvar e que, depois, se case com ela, estabelecendo a ordem das coisas. Porém, penso que Angela Carter resgata aqui o poder da mulher, fazendo com que seja ela própria a sua salvadora, sem que tenha necessariamente de depender do homem. Se, no início, ela pode parecer inocente e ingénua, caindo (ou quase) nas armadilhas e ilusões que lhe são postas, ela acaba por perceber e conseguir desenvencilhar-se delas. 

Num dos contos, uma mulher encontra-se em perigo, prestes a ser morta e é a mãe que a salva, numa cena que nos lembra, de facto, um cavaleiro que aparece para salvar a donzela. Noutro, é a mulher que seduz um homem ingénuo e puro, e não o contrário. Num dos contos que lembra o Capuchinho Vermelho, a menina mata o lobo. Contudo, apesar do destaque feito ao papel da mulher, à sua emancipação e dona do seu próprio destino, capaz de se salvar a si mesma, penso que estes contos não são feministas. O que ela terá tentado fazer foi questionar a maneira como as mulheres são representadas nos contos de fadas, tentando desafiar a tradição.

São contos interessantes, gostei particularmente do tom sombrio e gótico, de todo aquele ambiente soturno. Com o temporal que se fez sentir nos últimos dias, várias vezes pensei "este é o estilo de livro certo para ler, durante esta altura". Porém, não me agarrou por aí além. Não me prendeu. Como são contos muito pequenos, não há um desenvolvimento das personagens e isso foi o que, para mim, me faltou. As histórias vivem muito no tempo presente, e não há grande espaço para divagações sobre o passado das personagens. O que importa é a acção no presente. É tudo um pouco frio e achei que faltou qualquer coisa que me prendesse às histórias, apesar de ter gostado delas. Ainda assim, foi uma boa experiência ler estes contos de fadas em versões diferentes e mais adultas.

3/6 - Razoável

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