O Prisioneiro da Árvore - Opinião
fevereiro 26, 2014
Título: O Prisioneiro da Árvore (As Brumas de Avalon #4)
Autora: Marion Zimmer Bradley
Editora: Difel
Páginas: 346
Sinopse:
Autora: Marion Zimmer Bradley
Editora: Difel
Páginas: 346
Sinopse:
"Que será do Rei Veado, quando o jovem veado crescer?
São cada vez mais os seguidores de Cristo e, para Morgaine, parece cada vez mais difícil conseguir que os antigos rituais perdurem no espírito dos homens. São tempos de magia, feitiçaria, morte e traição.
A Deusa trabalha sozinha e silenciosa no coração da natureza, mas não pode consumar a sua magia sem a força daquele que corre como o veado e que, com o sol do Verão, fecunda a riqueza do seu útero. As folhas levantam-se e rodopiam e ei-lo que chega! Cai súbita a escuridão, mas é com o regresso da luz que espalha selvaticamente o seu sémen sobre a terra.
Entretanto, é urgente que Arthur seja punido pela sua traição a Avalon. Um traidor não pode usar a espada da Insígnia Sagrada como se fosse um símbolo de Jesus crucificado, nem trazer à cintura a bainha tecida com as malhas da imortalidade. E nem a morte pode ser obstáculo!
Mas eis que um grito dilacerante ecoa por toda a Avalon... Roubaram o cálice da Insígnia Sagrada!... E... traição das traições, alguém se prepara para profanar o cálice da Deusa-Mãe, enchendo-o com o vinho que dizem ser o sangue daquele para quem todos os outros deuses são demónios, em vez da água pura e cristalina da terra sagrada! É terrível o castigo reservado pela Deusa a tão grande traição, mas irá Ela permitir o consumar de tal blasfémia? Que irá acontecer a Arthur, Camelot, Gwenhwyfar, Lancelet e aos restantes companheiros da Távola Redonda? E conseguirá Morgaine que o culto da Deusa perdure numa sociedade em que os homens começam a ditar as suas leis? Conseguirá, ainda, embrenhar-se nas brumas, atravessá-las... e chegar a Avalon?"
Opinião:
Esta é a conclusão da lenda arturiana escrita por Marion Zimmer Bradley. O Prisioneiro da Árvore fala-nos de uma Bretanha que começa a esquecer o seu passado pagão e que começa a assimilar de forma mais forte a presença de um Deus unitário preconizado pela religião Cristã. É aqui que acontecem vários desenlaces finais, conclusões de tramas e intrigas que se foram construindo ao longo desta série, bem como as já habituais discussões sobre o passado de cariz matrilinear, com origem na religião celta, e o presente com a submissão a um único deus masculino, típico de uma sociedade patriarcal. A autora tece a narrativa com mestria e, conhecendo a literatura arturiana original, bem como os conceitos do Sagrado Feminino, estava curiosa para ver que roupagem Marion iria dar a esta conclusão. Adorei a visão da autora e o mundo que construiu, relembrando a presença da Deusa na lenda arturiana, que é tão importante e que permanece, ainda, tão relegada para segundo plano.
É curioso eu ter começado a ler este livro numa altura em que estou a escrever um artigo sobre o Sagrado Feminino e o mito arturiano. Por isso, com as ideias frescas e com os conceitos bem presentes na minha cabeça, absorvi o conteúdo deste livro como se fosse algo que fizesse perfeito sentido dentro da lenda arturiana. A presença da Deusa na legitimação do poder e autoridade de Artur, as quebras de contrato no que toca à posse de Excalibur e do Graal, a transformação do mito celta em mito cristão... Adorei tudo neste livro. Desde as personagens, às transformações feitas pela autora, ao foco nas mulheres e à inclusão da magia e das crenças pagãs. Posso dizer que este tipo de livros é completamente a minha praia e sinto-me dentro da história quando leio este tipo de livro. Sinto-me a perceber tudo, a descortinar significados e mensagens nas entrelinhas e o mito arturiano é algo que me fascina cada vez mais. Adorei não só este livro mas como toda a saga d'As Brumas de Avalon e só posso recomendá-la aos amantes da lenda do rei Artur.
Para os mais curiosos nestas questões da Deusa, da importância do Sagrado Feminino e da transformação dos símbolos celtas em cristãos, posso recomendar alguns livros de teor mais académico: Arthur and the Sovereignty of Britain: King and Goddess in The Mabinogion, de Caitlín Matthews, O Cálice e a Espada, de Riane Eisler e From Ritual to Romance, de Jessie L. Weston.
5/6 - Muito Bom
(Esta leitura conta para o desafio TBR Pile Reading Challenge)
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