Noites Brancas - Opinião
fevereiro 10, 2023Podem ouvir a minha opinião completa no podcast, AQUI.
Ora pois bem que voltei a Dostoiévski. A minha primeira incursão na obra deste autor foi há muitos anos, com Crime e Castigo (livro que quero, inclusive, reler), e por isso quando vi que a Mell Ferraz ia organizar a primeira Leitura Conjunta deste ano sobre este livro, claro que resolvi participar.
Neste pequeno livro, que nem 100 páginas tem, seguimos a história de um protagonista sem nome e que encontra, por acaso, uma jovem rapariga com quem conversa durante algumas noites seguidas. Temos, no total, quatro noites e uma manhã, e nada disto é por acaso. O título dá-nos conta de um fenómeno típico dos países do norte, em que em algumas alturas do ano o sol não se põe completamente, dando à noite uma certa claridade e, no caso desta obra, um ambiente quase onírico. E neste livro fala-se muito do sonho, de fantasia, de imaginação, mas também de solidão e de carência afectiva.
Contudo, eu estava à espera do Dostoiévski que apanhei no primeiro livro que li, mas não é isso que temos neste livro. Aqui temos uma estética muito mais próxima do Romantismo, algo que não é necessariamente mau, até porque eu gosto da estética deste movimento artístico. Mas o protagonista aborreceu-me demasiado, principalmente no início parece muito auto-centrado e isso fez-me revirar os olhos algumas vezes. Contudo, à medida que nos aproximamos do final, vamos percebendo-o e até sentindo empatia para com ele, uma vez que revela uma profundidade maior do que parecia a princípio.
Ainda assim, não consegui gostar tanto como estava à espera, e só posso querer voltar ao "meu" Dosto existencialista, desprovido de idealizações, que confere uma alta densidade psicológica às suas personagens.
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