Leonor de Habsburgo - Opinião
setembro 01, 2010Título: Leonor de Habsburgo
Autor: Yolanda Scheuber
Editora: Livros d'Hoje
Páginas: 496
Sinopse:
"Talavera de la Reina (Espanha), 1558. Leonor de Habsburgo está a morrer. De nada servem a opulência e o esplendor que a rodeiam. A sua vida ficou marcada por um dever maior do que os seus desejos, o amor ou a felicidade.
Um dever imposto pelo seu irmão Carlos V, que a conduziu à condição mais elevada a que uma mulher podia aspirar, mas que a afastou dos seus entes mais queridos. Destinada a fazer hastear a divisa dos Habsburgo, foi primeiro rainha de Portugal e depois de França, mas isso já não importa nestes derradeiros momentos. A sua vida desvanece-se, gasta pelos anos de obediência e, sobretudo, porque a sua única filha, Maria de Portugal, a rejeita, incapaz de lhe perdoar os anos de abandono. Leonor agoniza com a asma que toma conta dos seus pulmões enquanto a sua mente regressa ao passado, até ao período conturbado – de paixões turvas, interesses políticos desmedidos e ambições descontroladas – que selou o seu destino."
Opinião:
Este livro começa pelo fim. Ou seja, Leonor está no seu leito de morte, enfrentando os seus derradeiros momentos, enquanto recorda o percurso da sua vida. A narrativa é, então, feita em analepse, na primeira pessoa o que, neste caso, torna-a um pouco enfadonha porque não há praticamente diálogos nenhuns. Não me entendam mal: as narrativas na primeira pessoa são óptimas porque dão-nos uma perspectiva pessoal da própria personagem, mas achei que, mesmo assim, a autora podia ter escrito diálogos para dar mais dinâmica a toda a história e mantê-la mais cativante.
Somos transportados, então, à primeira metade do século XVI, um século de bastantes mudanças e perturbações tal como a própria vida de Leonor, como ela várias vezes refere. Em relação aos detalhes históricos não me vou alongar muito. Deixo-vos aqui um link se quiserem saber mais sobre ela:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonor_da_%C3%81ustria,_Rainha_de_Portugal_e_de_Fran%C3%A7a
Antes da narrativa propriamente dita, também somos confrontados com algumas páginas sobre as personagens das várias casas reais e, no fim, uma genealogia da Casa de Habsburgo.
Em termos de detalhes históricos, Yolanda esmerou-se. É bastante rico e preciso, notando-se um cuidado especial da autora para se manter fiel aos factos históricos. Porém, por vezes é demasiado exaustivo, fugindo à parte ficcional, quase parecendo um livro de história. De facto, por vezes tive esse sentimento de que estava a ler um livro de história sobre as várias casas reais (França, Portugal, Espanha, Áustria) em vez de um relato pessoal e, por isso mesmo, ficcionado de uma rainha às portas da morte. Pode até tornar-se, de certa forma, incoerente, porque duvido que alguém que esteja a morrer se vá lembrar, precisamente, dos tratados que foram celebrados, dos casamentos entre casas reais, de familiares que nem sequer conheceu, de pormenores mais históricos do que pessoais.
Foi isto que me desagradou no livro. Detalhes históricos a mais que me fizeram perder a motivação para ler, enquanto esperava por uma visão mais pessoal, emocional, e mais centrada nas suas próprias vivências. Confesso que cheguei, inclusive, a ler páginas na diagonal, ou saltar algumas partes que, para mim, não me interessavam....
De forma geral, tinha outras expectativas em relação a este livro. Julguei que fosse contado de outra forma, almejando menos a livro de história e mais a romance literário. Contudo, também não posso dizer que não gostei do livro. Podemos ver retratada a vida de uma mulher que pouco controle teve sobre a sua vida, por imposições maiores que ela e que fora ensinada a ser submissa. Enfrentou o melhor que pôde as adversidades da sua vida, carregando sempre a mágoa de ter tido que deixar a sua filha em Portugal, da mesma maneira que a sua mãe a deixou quando era pequena.
Como nota final, recomendo este livro para quem seja fã acérrimo de detalhes históricos, quase a nível ensaístico. Mas para quem vai à espera de um romance histórico, pode desiludir-se um pouco...
2/6 - Razoável
Um dever imposto pelo seu irmão Carlos V, que a conduziu à condição mais elevada a que uma mulher podia aspirar, mas que a afastou dos seus entes mais queridos. Destinada a fazer hastear a divisa dos Habsburgo, foi primeiro rainha de Portugal e depois de França, mas isso já não importa nestes derradeiros momentos. A sua vida desvanece-se, gasta pelos anos de obediência e, sobretudo, porque a sua única filha, Maria de Portugal, a rejeita, incapaz de lhe perdoar os anos de abandono. Leonor agoniza com a asma que toma conta dos seus pulmões enquanto a sua mente regressa ao passado, até ao período conturbado – de paixões turvas, interesses políticos desmedidos e ambições descontroladas – que selou o seu destino."
Opinião:
Este livro começa pelo fim. Ou seja, Leonor está no seu leito de morte, enfrentando os seus derradeiros momentos, enquanto recorda o percurso da sua vida. A narrativa é, então, feita em analepse, na primeira pessoa o que, neste caso, torna-a um pouco enfadonha porque não há praticamente diálogos nenhuns. Não me entendam mal: as narrativas na primeira pessoa são óptimas porque dão-nos uma perspectiva pessoal da própria personagem, mas achei que, mesmo assim, a autora podia ter escrito diálogos para dar mais dinâmica a toda a história e mantê-la mais cativante.
Somos transportados, então, à primeira metade do século XVI, um século de bastantes mudanças e perturbações tal como a própria vida de Leonor, como ela várias vezes refere. Em relação aos detalhes históricos não me vou alongar muito. Deixo-vos aqui um link se quiserem saber mais sobre ela:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leonor_da_%C3%81ustria,_Rainha_de_Portugal_e_de_Fran%C3%A7a
Antes da narrativa propriamente dita, também somos confrontados com algumas páginas sobre as personagens das várias casas reais e, no fim, uma genealogia da Casa de Habsburgo.
Em termos de detalhes históricos, Yolanda esmerou-se. É bastante rico e preciso, notando-se um cuidado especial da autora para se manter fiel aos factos históricos. Porém, por vezes é demasiado exaustivo, fugindo à parte ficcional, quase parecendo um livro de história. De facto, por vezes tive esse sentimento de que estava a ler um livro de história sobre as várias casas reais (França, Portugal, Espanha, Áustria) em vez de um relato pessoal e, por isso mesmo, ficcionado de uma rainha às portas da morte. Pode até tornar-se, de certa forma, incoerente, porque duvido que alguém que esteja a morrer se vá lembrar, precisamente, dos tratados que foram celebrados, dos casamentos entre casas reais, de familiares que nem sequer conheceu, de pormenores mais históricos do que pessoais.
Foi isto que me desagradou no livro. Detalhes históricos a mais que me fizeram perder a motivação para ler, enquanto esperava por uma visão mais pessoal, emocional, e mais centrada nas suas próprias vivências. Confesso que cheguei, inclusive, a ler páginas na diagonal, ou saltar algumas partes que, para mim, não me interessavam....
De forma geral, tinha outras expectativas em relação a este livro. Julguei que fosse contado de outra forma, almejando menos a livro de história e mais a romance literário. Contudo, também não posso dizer que não gostei do livro. Podemos ver retratada a vida de uma mulher que pouco controle teve sobre a sua vida, por imposições maiores que ela e que fora ensinada a ser submissa. Enfrentou o melhor que pôde as adversidades da sua vida, carregando sempre a mágoa de ter tido que deixar a sua filha em Portugal, da mesma maneira que a sua mãe a deixou quando era pequena.
Como nota final, recomendo este livro para quem seja fã acérrimo de detalhes históricos, quase a nível ensaístico. Mas para quem vai à espera de um romance histórico, pode desiludir-se um pouco...
2/6 - Razoável
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