Efeméride: Virginia Woolf
março 28, 2011
Virginia Woolf. Nascida a 25 de Janeiro de 1882 em Londres. Escritora, ensaísta, editora e escritora de contos, considerada uma das figuras mais importantes da literatura inglesa do século XX. Morreu faz hoje setenta anos, no dia 28 de Março de 1941, suicidando-se.
A sua vida sempre foi marcada pela literatura. Desde cedo, incentivada pela liberdade que o seu pai lhe deu à vasta biblioteca que tinham em casa, Woolf tornou-se uma mulher culta, educada e, mais tarde, uma das precursoras do modernismo inglês.
Sempre rodeada de artistas, Woolf e o seu marido, Leonard Woolf acabaram por formar um grupo, constituído por outros intelectuais, filósofos, escritores e artistas em geral, que ficou conhecido como The Bloomsbury Group. Este grupo e os seus trabalhos influenciaram áreas como a literatura, a estética e a crítica.
Profissionalmente, Woolf começou a escrever em 1900, para o Times Literary Supplement. O seu primeiro romance intitulado The Voyage Out foi publicado em 1915. Na sua escrita, Woolf é considerada inovadora, porque nos seus romances utiliza muito aquilo que em inglês se chama "stream of consciousness", ou seja, é o modo narrativo que tenta caracterizar o ponto de vista da personagem através dos seus próprios pensamentos, por exemplo um monólogo interior solto. James Joyce também utilizou bastante este método.
Para além disso, Virginia Woolf preocupava-se com a condição da mulher, com aquilo que lhe era negado e, por isso, muitas vezes nos seus ensaios discorria sobre este tema. Para muitos, é uma autora feminista bastante importante.
Os seus últimos anos de vida foram marcados por várias depressões e por um medo terrível dos nazis, já que tanto ela como o marido estavam na lista negra de Hitler. Assim, Virginia Woolf acaba por pôr termo à própria vida, deixando apenas uma carta para o marido:
"Dearest, I feel certain that I am going mad again. I feel we can't go through another of those terrible times. And I shan't recover this time. I begin to hear voices, and I can't concentrate. So I am doing what seems the best thing to do. You have given me the greatest possible happiness. You have been in every way all that anyone could be. I don't think two people could have been happier 'til this terrible disease came. I can't fight any longer. I know that I am spoiling your life, that without me you could work. And you will I know. You see I can't even write this properly. I can't read. What I want to say is I owe all the happiness of my life to you. You have been entirely patient with me and incredibly good. I want to say that – everybody knows it. If anybody could have saved me it would have been you. Everything has gone from me but the certainty of your goodness. I can't go on spoiling your life any longer. I don't think two people could have been happier than we have been. V"
Das suas obras mais notáveis, destacam-se Mrs. Dalloway (1925), To the Lightouse (1927), Orlando (1928), The Years (1937) e o seu último romance Between the Acts (1941).
Ensaios foram mais que muitos mas destaco alguns que tive o privilégio de estudar na faculdade: The Common Reader (1925), A Room of One's Own (1929) e Three Guineas (1938).
Como foi uma autora que estudei de forma algo intensiva na escola, principalmente em torno do estilo de escrita, do surgimento da "stream of consciousness", das temáticas femininas e em torno da ligação que ela tinha com os livros, achei que devia deixar aqui um pouco sobre a sua vida no septuagésimo aniversário da sua morte.
Numa outra vertente, aconselho o filme The Hours (2002), baseado na vida de Virginia Woolf e no seu romance Mrs. Dalloway. Com interpretações brilhantes de três actrizes, Nicole Kidman, Meryl Streep e Julianne Moore é um filme para ver e, quiçá, um ponto de partida para o seu romance Mrs. Dalloway.
Por fim, deixo-vos aqui uma citação de um dos seus ensaios, que sempre me ficou na cabeça:
"When the Day of Judgement dawns and the great conquerors and lawyers and statesmen come to receive their rewards—their crowns, their laurels, their names carved indelibly upon imperishable marble—the Almighty will turn to Peter and will say, not without a certain envy when he sees us coming with our books under our arms, "Look, these need no reward. We have nothing to give them here. They have loved reading."
in, "How Should One Read a Book?", na colectânea de ensaios The Common Reader, Second Series, 1932.
4 comentários
Devo confessar que é uma autora que nunca suscitou muito o meu interesse, apesar de só ouvir falar bem dela. Mas este texto, sobretudo a transcrição da sua belíssima carta de despedida ao marido - porque é bela, fez-me ficar com lágrimas nos olhos -, fez-me ficar muito curiosa.
ResponderEliminarObrigada por isso. ;)
De nada!
ResponderEliminarEu por enquanto só li alguns ensaios dela e o romance "Orlando", que é tudo menos normal...lol
Mas já ando de olho em "To the Lightouse" lá na biblioteca da minha faculdade, e qualquer dia vem para casa!
É uma autora muito rica e se algum dia leres alguma coisa dela, prepara-te porque te vais surpreender ;)
Tenho cá o Mrs Dalloway mas se calhar vejo o filme As Horas antes. Depois de dar cabo da minha pilha devo de ler. :)
ResponderEliminarEu adorei o filme! Mas também ainda não li o livro... shame on me! lol
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