A Shadow on the Lens - Opinião

maio 04, 2021


 
Podem ouvir a minha opinião no podcast, AQUI.

A Shadow on the Lens promete ser uma obra de atmosfera gótica e misteriosa cujo centro da narrativa é um crime numa vila pequena em Dinas Powys, no País de Gales, em 1904. Acompanhamos o investigador e fotógrafo forense Thomas Bexley que investiga a morte de uma jovem que suscita várias questões relacionadas com a vida das pessoas daquele lugar. Neste livro temos, então, uma parte histórica, uma parte de mistério e crime, e uma parte de atmosfera gótica.

E este livro providencia tudo isto. Uma boa atmosfera cheia de elementos sobrenaturais, fantasmagóricos, um ambiente quase claustrofóbico e febril que estabelece o tom da narrativa. A história é contada em forma de diário, uma vez que é Bexley que conta ao leitor como as coisas se passaram, cada capítulo com a data do dia em que a acção se passa, estabelecendo também um diálogo com o leitor várias vezes ao dirigir-se-lhe directamente e ao expor algumas dúvidas sobre o que ele próprio viveu, deixando ao leitor o julgamento do que realmente aconteceu.

Achei que o ponto forte do livro foi mesmo a atmosfera que estabelece através de vários mecanismos: seja pelo clima chuvoso, cinzento, opressivo, seja pelos ambientes em que Bexley se insere, como criptas, sótãos, quartos pequenos e apertados, pela má iluminação de candeias, pelas escuridões abruptas, pelos acontecimentos estranhos e sobrenaturais, pela tensão e pelo estado febril constante do inspector, pelo modo desconfiado com que todos o tratam. Tudo isto exacerba a sensação de que algo não está bem e que é algo para além do crime que foi cometido. Há mais alguma coisa que espreita nas sombras, pelos cantos do olho, nas noites mal dormidas e nos vários mistérios e segredos que todos escondem em relação à investigação do crime que vitimou a jovem rapariga.

Apesar de o ambiente estar muito bem concebido, faltou-me alguma coisa. Gostei muito de Bexley, da forma como conduziu a investigação e das suas observações ao longo do livro. Mas a resolução do crime não me surpreendeu, o livro não me manteve agarrada às suas páginas e à narrativa, e pensei que houvesse um maior foco na questão da fotografia, uma vez que assistimos aos primeiros passos da fotografia forense. Por isso, apesar de ter gostado, achei que prometia mais do que concretizou e não adorei como pensava que ia adorava. Nota-se que é o primeiro livro do autor e talvez por isso também tenha ficado com essa sensação.

4/6 - Bom

(Esta leitura conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)

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Detalhes

Editora: Orion
Páginas: 274
Sinopse:
"1904. Thomas Bexley, one of the first forensic photographers, is called to the sleepy and remote Welsh village of Dinas Powys, several miles down the coast from the thriving port of Cardiff. A young girl by the name of Betsan Tilny has been found murdered in the woodland - her body bound and horribly burnt. But the crime scene appears to have been staged, and worse still: the locals are reluctant to help.

As the strange case unfolds, Thomas senses a growing presence watching him, and try as he may, the villagers seem intent on keeping their secret. Then one night, in the grip of a fever, he develops the photographic plates from the crime scene in a makeshift darkroom in the cellar of his lodgings. There, he finds a face dimly visible in the photographs; a face hovering around the body of the dead girl - the face of Betsan Tilny."

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