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    Título: Lolita
    Autor: Vladimir Nabokov
    Editora: Colecção Biblioteca Visão
    Páginas: 288
    Sinopse:
    "Vladimir Nabokov, romancista e poeta russo, distingui-se pela riqueza imaginativa das suas obras, redigidas na sua língua natal e depois em inglês, dada a condição de escritor emigrado. À mestria estilística das narrativas, acrescenta-se a originalidade de perspectivas, que por vezes se aproximam do grotesco, da sátira e do insólito. Entre os seus romances, publicados ao longo do século XX, sem dúvida que o mais célebre é Lolita, no qual se descreve a relação amorosa entre um intelectual de meia-idade e uma jovem de 12 anos. Uma história escrita com o brilhantismo característico deste autor, cuja prosa nunca cessa de surpreender."

    Opinião:

    A primeira coisa que me saltou à vista, neste livro, foi uma frase na sinopse: "a relação amorosa entre um intelectual de meia-idade e uma jovem de 12 anos". A este tipo de relação, normalmente, chamamos de pedofilia mas para vir, na sinopse, descrita como uma relação amorosa, a coisa fez com que eu ficasse interessada, como se fosse um desafio do próprio livro. E foi isso que este livro foi: um desafio. Poucos livros me deixam sem saber o que escrever, mas este foi um deles.

    Humbert Humbert é o narrador, contando a história da sua vida, a sua adoração e fixação por raparigas que ainda não atingiram a puberdade e o seu envolvimento com Lolita. A alternância da narrativa entre a primeira e terceira pessoa do singular foi uma das primeiras coisas que me chamou à atenção. Primeiro não percebi a razão de ser desta característica, mas depois até me fez sentido. Humbert é o narrador da sua própria história de vida e da sua paixão por Lolita, de 12 anos, conferindo uma perspectiva pessoal à obra. Mas ao narrar algumas partes na terceira pessoa, percebemos que ele tem o distanciamento suficiente para perceber que algumas coisas são consideradas erradas perante a sociedade e, por isso, condenáveis. Neste aspecto, o livro levanta algumas questões complexas ligadas à moralidade, uma das principais sendo a linha que separa, neste caso, o amor do abuso e obsessão.

    Confesso que estava à espera de algo mais rude e cru do que o que este livro se revelou. Adoração e fascínio é a palavra correcta para descrever o sentimento que Humbert tem em relação a raparigas com menos de 14 anos. A sua obsessão não é, na maioria das vezes, em ter relações sexuais com essas raparigas a que ele chama de "ninfitas" e isso passa através de algumas passagens em que ele revela que não quer corromper a inocência e pureza de Lolita, neste caso específico. Porém, as coisas não são assim tão simples e ele acaba por ceder. Mas mesmo essa cedência coloca questões: nem Lolita é tão inocente assim, nem Humbert tão culpado ou monstruoso.

    A prosa deste livro é fantástica. A maneira como ele descreve os seus sentimentos, o seu fascínio por Lolita, as maquinações elaboradas e, por vezes, brutais, a sua paranóia, permite-nos entrar na sua mente e saber como ela funciona. Porém, há que ter um pormenor em atenção: a história é descrita sob o ponto de vista de Humbert e, por isso, nunca podemos saber até que ponto esta narrativa está distorcida pela sua paixão e fascínio por Lolita ou não.

    Não é uma leitura fácil mas foi, para mim, uma leitura compensadora. Foi desafiante ler este livro porque não consegui, em nenhuma parte do livro, não gostar de Humbert. O narrador joga com o nosso pensamento ao confundir os nossos sentimentos para com as personagens deste livro e joga com as nossas noções pré-estabelecidas do que é certo e errado. Humbert é, claramente, um pedófilo que manipula as situações e a própria Lolita para poder estar com ela e para que ela não denuncie a relação de ambos a ninguém. Mas a vertente humana e sentimental é aqui evidenciada, ao invés da vertente criminosa e de aberração com que é visto o pedófilo por parte das outras pessoas. Como alguém me disse, quando falava sobre este livro, esta é uma obra moralmente ambígua.

    5/6 - Muito Bom
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