O Iluminador - Opinião

dezembro 31, 2010

Título: O Iluminador
Autor: Brenda Rickman Vantrease
Editora: Bertrand
Páginas: 500
Sinopse:

"Inglaterra, século XIV: uma época de peste, de desassossego social e político e das primeiras manifestações reformistas.
Finn é um mestre iluminador que trabalha publicamente para a Igreja e secretamente para John Wycliffe, que defende a necessidade de A Bíblia ser traduzida para língua inglesa. Mas o iluminador tem outro segredo que há-de vir a pôr a sua vida em perigo quando encontra Lady Kathryn, uma bela viúva.
Romance de amor, religião, arte e traição, O Iluminador é a primeira obra de uma nova e brilhante narradora, Brenda Rickman Vantrease."

Opinião:

O Iluminador tem vários enredos que, de uma maneira ou outra, acabam por estarem todos relacionados. O principal é aquele que se desenrola em Blackingham, propriedade da viúva Lady Kathryn onde estão alojados Finn, o iluminador, e a sua filha, Rose.

Através do título, somos levados a pensar que a história se foca em Finn, nas iluminuras dos manuscritos medievais e, já que estamos na época do Grande Cisma do Ocidente e em que as primeiras ideias que deram origem à Reforma da Igreja começam a surgir (como o facto da Bíblia ser traduzida para vernáculo), julguei que a história andasse à volta destes assuntos como tema principal. Porém, tal não acontece.
Lady Kathryn é a grande protagonista. Uma mulher viúva, que vê o seu feudo em dificuldades económicas, rodeada de pessoas menos bem intencionadas e que se perde de amores por Finn. São os seus amores e desamores, intrigas e dificuldades, o cerne deste romance.

O que está muito bem retratado são os costumes e hábitos da época. A diferença que havia no modo de viver de senhores feudais, empregados e, até, daqueles que eram considerados motivos de gozo, como o anão Tom Meia-Leca, que vivia nos pântanos porque a maioria dos que o perseguiam não arriscavam ir para lá. Assistimos, ainda, à mudança que se vai operando na cabeça das pessoas quanto aos ideais religiosos, a preocupação dos mais fervorosos em haver dois Papas (um em Roma e outro em Avinhão) e até o surgimento do primeiro homem a escrever em língua inglesa, neste caso o Middle English: Geoffrey Chaucer. Para quem não sabe, em Inglaterra, até à altura, só se escrevia em duas línguas: o latim e o francês.

O livro é muito rico e fiel neste tipo de descrições e retratos da época. Contudo, parece que falta alguma coisa e, para mim, é na descrição psicológica das personagens. Só as conhecemos através das suas acções mas, de alguma maneira, pareceram-me um pouco ocas, sem muita profundidade. A minha personagem preferida era a anacoreta Julian de Norwich, personagem real, autora de alguns textos religiosos, e canonizada pela Igreja Católica. Ermita, dona de uma grande sabedoria e, acima de tudo, apesar do seu fervor religioso, era alguém que sabia pensar por ela própria.

Concluindo, este livro é uma boa leitura porque retrata uma época conturbada de maneira muito fiel. Contudo, esperava saber um pouco mais das suas personagens. O título é um pouco enganador, mas é um livro interessante pelo retrato histórico, pelas aventuras que as suas personagens vivem e que se lê bem.

4/6 - Bom

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