The Starless Sea - Opinião
agosto 21, 2020Comecei a ler este livro com muitas expectativas: a premissa era muito interessante e as opiniões que tinha lido eram muito positivas. Achei que este livro tinha muito potencial, mas depois ficou àquem.
O livro narra a história de Zachary Ezra Rawlins que se vê numa demanda de descoberta e possível salvamento de uma biblioteca subterrânea gigantesca. Esta biblioteca parece albergar todas as histórias conhecidas e desconhecidas, mantida secreta por um grupo de pessoas específicas e cujo acesso parece estar ameaçado. Temos personagens que desenham portas de entrada para esse mundo, temos outras que apagam esses acessos, temos livros que são descobertos, perdidos, trocados, histórias contadas que são memórias de outros tempos, até ficarmos com a certeza de que nada é o que aparenta ser à primeira vista. Além disto, o livro está pejado de referências literárias, de livros dentro deste livro, de histórias que são contadas paralelamente à principal, mas que acabam por estar ligadas.
O livro está dividido em seis partes, cada uma focada numa das histórias paralelas que são contadas em paralelo à narrativa de Zachary, formando os tais livros dentro do livro, que contribuem para a narrativa maior. Não achei isto confuso, porque as divisões estão bem feitas de modo a que o leitor siga os vários pontos narrativos. Achei que o tema central do livro são as histórias: as histórias que lemos, que contamos e nos são contadas, as conhecidas, as desconhecidas e as esquecidas e de que como as nossas memórias também são histórias e vice-versa.
Dito isto, a autora escreve muito bem. Tudo flui, tudo aguça a nossa curiosidade sobre aquele mundo do Mar sem Estrelas, da biblioteca e das personagens. Quem são, qual a sua importância e papel em toda a narrativa, neste aspecto as personagens estão bastante bem construídas e o olhar de Zachary perante todos os eventos do livro são também os nossos, que se espantam, maravilham e desconfiam ao longo do livro. O livro dialoga com o seu próprio estatuto de obra literária e, por isso, a estrutura narrativa faz com que leitores e personagens se questionem sobre a liminaridade das histórias
À medida que vamos avançando na leitura, queremos saber sobre no que é que aquilo vai dar, qual é o destino das personagens, da biblioteca e do Mar sem Estrelas, qual será o destino de tudo e de todos, mas o final é deixado em aberto, sem explicar grande coisa e, sinceramente, achei que a autora constrói um mundo e uma intriga tão interessantes que, no fim, acaba por não ter grande desfecho. Cheguei ao fim do livro a pensar que li tudo aquilo para quê? Qual foi o objectivo do livro e da trama de todas aquelas personagens? Qual foi o sentido de toda a reflexão sobre as histórias? Fica a saber a pouco e parece que fica a faltar alguma coisa.
O livro é pautado por uma atmosfera quase de contos de fadas, misteriosa e até poética, a construção daquele mundo subterrâneo e das leis pelo qual se rege são originais e tão bem desenvolvidas e depois.... Nada. Achei o fim insatisfatório para todo o build-up que a autora faz. Em geral, gosto de finais em aberto quando eles nos fazem pensar sobre a história, ou deixam que o leitor forme o seu próprio final. Mas no caso deste livro, a sensação que fica é que o que se leu não tinha um objectivo. E isso deixou-me frustrada, porque achei que o livro merecia um melhor final do que aquele que teve. O enredo, as personagens e as reflexões mereciam mais no fim do que aquilo que a autora fez.
Ainda assim, considero um bom livro de fantasia, daqueles que questionam os limites da realidade e a importância das histórias nas nossas vidas. É uma verdadeira ode ao nosso amor pelos livros e pela literatura e, nesse sentido, gostei muito deste livro. Só fiquei chateada e frustrada com o final, que senti ser insuficiente para o grande potencial do livro. Fiquei um pouco desgostosa, confesso, mas ainda assim considero um bom livro.
4/6 - Bom
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Detalhes
Sinopse da edição portuguesa:
"Muito abaixo da superfície da Terra, na margem do Mar Sem Estrelas, existem inúmeros túneis e recintos cheios de histórias. As entradas que conduzem a este santuário costumam estar escondidas, às vezes no chão das florestas, outras vezes no interior de uma casa, ou mesmo à vista, sem se dar por elas. Mas aqueles que as procuram encontram-nas. As suas portas aguardam-nos.
2 comentários
Lamento que não tenhas gostado. Eu ainda não li, mas sou fã do Night Circus da autora e tenho muitas expectativas para este livro... Obrigada por partilhares a tua opinião.
ResponderEliminarMas eu gostei do livro! O fim é que me deixou um pouco desapontada, porque parece que não se chega a lado nenhum...
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