Dissolution - Opinião

julho 01, 2010

Título: Dissolution
Autor: C. J. Sansom
Editora: Pan Books
Páginas: 463
Sinopse:

"In 1537 a time of revolution that sees the greatest changes in England since 1066. Henry VIII has proclaimed himself Supreme Head of the Church. The country is waking up to savage new laws, rigged trials and the greatest network of informers it has ever seen. And under the orders of Thomas Cromwell, a team of commissioners is sent throughout the country to investigate the monasteries. There can only be one outcome: dissolution.

But on the Sussex coast, at the monastery of Scarnsea, events have spiralled out of control. Cromwell's commissioner, Robin Singleton, has been found dead, his head severed from his body. His horrific murder is accompanied by equally sinister acts of sacrilege.

Matthew Shardlake, lawyer and long-time supporter of Reform, has been sent by Cromwell to uncover the truth behind the dark happenings at Scarnsea. But investigation soon forces Shardlake to question everything that he hears, and everything that he intrinsically believes..."

Opinião:

Estamos em pleno reinado de Henrique VIII, rei da dinastia Tudor, em Inglaterra. Estamos também em pleno auge da Reforma Protestante, mais precisamente quando se começam a dissolver as casas e ordens monásticas em Inglaterra. Daqui o título do livro: dissolução.

Mathew Shardlake é um advogado e comissário ao serviço de Lord Cromwell, enviado para investigar o homicídio de um outro comissário, Robin Singleton, no mosteiro de Scarnsea. Shardlake leva o seu ajudante Mark e pretende desvendar este crime o mais depressa possível para cair nas boas graças de Cromwell. Apoiante da Reforma, Shardlake é mal encarado por todos os monges que lá habitam, com a agravante de ter uma corcunda, algo visto como mau agoiro.
Praticamente todos os monges com cargos importantes provocam uma desconfiança tanto em Shardlake como no leitor que se vê imediatamente embrenhado na narrativa e no ambiente do mosteiro do século XVI. Consegue-se sentir o clima, os cheiros, a tensão entre os monges católicos e Shardlake, protestante. Todos são vistos como suspeitos e todos veêm Shardlake como um inimigo.

Porém, aquilo que começa por ser uma investigação sobre a morte de Singleton passa a ser uma investigação à gestão financeira do mosteiro, à conduta moral dos monges e a outras mortes que vão acontecendo. Shardlake vê-se metido numa espiral de crimes, conspirações e intrigas em Scarnsea que nos levam a virar cada página mais depressa para saber o que vai acontecer a seguir. Shardlake tem várias pistas, mas todas inconclusivas, que não levam a nada nem a niguém. Só praticamente mesmo nas últimas páginas do livro é que todos os mistérios são desvendados, os autores dos crimes enunciados e a tensão, construída ao longo da história, dissipada. Parece que todos têm algum motivo para cometerem actos criminosos, vamos suspeitando de algumas pessoas durante todo o livro mas o fim é, de facto, surpreendente.

Eu sou fã de livros deste género: de mistérios, intrigas, policiais. Para além do mais, este livro tem a componente histórica por se passar na época do reinado de Henrique VIII. Assim, ao mesmo tempo que Shardlake vai abrindo caminhos na sua investigação, vai-nos também pintando as paisagens de Scarnsea e de Londres, os comportamentos das pessoas, o modo de vida de cada um, o modo de funcionamento das instituições de poder, de tal modo que o leitor se sente naquelas ruas, com aquele frio (a narrativa passa-se no inverno), a ver tudo pelos olhos de Shardlake. Além disso, há diversas conversas sobre o estado do país na altura: conversas sobre a Reforma, sobre o rei e as suas mulheres (na altura, a rainha Jane Seymour tinha morrido), sobre a dissolução dos mosteiros, sobre o catolicismo, sobre a corrupção moral em que alguns dos mosteiros viviam.

Este é um ponto muito forte que, como fã de ficção histórica, agradou bastante por dar uma maior noção da era conflituosa que se vivia. Para além da parte histórica, o mistério dos homicídios adensa-se a cada página. E as interligações são tais que o próprio Shardlake se vê a braços com dúvidas existenciais, questionando os seus próprios valores, as suas convicções e julgamentos em relação às pessoas. A trama está muito bem construída, não há um único momento aborrecido, de tédio e vou, certamente, seguir os restantes livros da saga.

6/6 - Excelente

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