As Serviçais - Opinião

setembro 12, 2010

Título: As Serviçais
Autor: Kathryn Stockett
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 464
Sinopse:
"Um romance que vai fazer de si uma pessoa diferente.
Skeeter tem vinte e dois anos e acabou de regressar da universidade a Jackson, Mississippi. Mas estamos em 1962, e a sua mãe só irá descansar quando a filha tiver uma aliança no dedo.
Aibileen é uma criada negra, uma mulher sábia que viu crescer dezassete crianças. Quando o seu próprio filho morre num acidente, algo se quebra dentro dela. Minny, a melhor amiga de Aibileen, é provavelmente a mulher com a língua mais afiada do Mississippi. Cozinha divinamente, mas tem sérias dificuldades em manter o emprego… até ao momento em que encontra uma senhora nova na cidade.
Estas três personagens extraordinárias irão cruzar-se e iniciar um projecto que mudará a sua cidade e as vidas de todas as mulheres, criadas e senhoras, que habitam Jackson. São as suas vozes que nos contam esta história inesquecível cheia de humor, esperança e tristeza.
Uma história que conquistou a América e está a conquistar o mundo."

Opinião:

Acabo de ler As Serviçais e tenho dificuldade em escrever o que quer que seja sobre esta leitura. Por onde começar? Pelas personagens a que me apeguei de tal forma que desejo conhecê-las pessoalmente, apesar de serem ficcionadas? Pela narrativa em si, a história que nos é contada na primeira pessoa, sob o ponto de vista de três mulheres diferentes? Ou pelo ambiente vivido na altura da narrativa, os factos históricos relatados e que condicionam a história? Depois de alguns minutos de pausa, depois de deixar assentar a poeira, escrevo.

A história deste livro é-nos contada por três mulheres: Skeeter, uma jovem recém-licenciada que quer ser escritora; Minny e Aibileen, ambas empregadas negras que trabalham em casas de senhoras brancas. Vivem em Jackson, Mississippi, no início dos anos 60, em plena época do Movimentos dos Direitos Cívicos.
Skeeter é uma jovem um pouco idealista, que pretende derrubar as barreiras que se lhe impõem: ela quer ser independente, escritora, enquanto a mãe a pressiona para arranjar marido e para se inserir nos eventos mais conceituados da sua comunidade.
Minny é uma empregada negra, que já trabalhou em bastantes casas brancas. O grande motivo desta mobilidade é o facto dela ser desbocada e respondona, algo não muito aconselhável para uma empregada... Contudo, Minny não se deixa ficar, na maior parte das vezes, a não ser quando toca ao seu marido, que lhe inflinge maus tratos.
Por fim, Aibileen também é uma empregada negra que se afeiçoa especialmente às crianças. Nelas tenta incutir o pensamento de que brancos e negros são iguais e tende a deixar as casas das senhoras brancas quando percebe que as crianças que criou começam a ficar como os pais. Teve uma grande perda, a do seu filho jovem e, por isso, é algo amargurada mas com um coração enorme e bom.

Como personagens secundárias temos as senhoras Hilly, Elizabeth e Celia. Hilly parece ser a manda-chuva na cidade de Jackson e todas as outras mulheres a seguem. Elizabeth é a melhor amiga de Hilly e, no início da trama, Skeeter é o terceiro elemento desta amizade. As três fazem parte do clube de bridge, da Liga, e foram colegas de faculdade. Elizabeth é mãe de duas crianças, a mais velha Mae Mobley, à qual não liga nenhuma, deixando-a aos cuidados de Aibileen, a sua criada. Por fim, Celia é a única senhora branca que, talvez por ter crescido num ambiente pobre, veja as barreiras mais esbatidas entre ela e a sua criada, Minny. Celia é fútil, frágil e rejeitada por todas as outras mulheres da cidade, por ter casado com o ex-namorado de Hilly e por ter esse passado mais pobre.

Posto isto, há uma barreira nítida entre senhoras brancas e criadas negras. Estamos nos anos 60, no Sul dos Estados Unidos e a segregação é um facto. Mas não é aceite por todos. Tudo começa quando Skeeter, um dia, pergunta a Aibileen se não tem vontade de mudar as coisas. A partir daqui as duas envolvem-se num projecto perigoso, que pode comprometê-las às duas e às mulheres que, posteriormente, se associarão a elas.
A narrativa decorre por quatro anos, atravessando alguns momentos fulcrais da história do país: a ascensão de Martin Luther King como figura proeminente na luta pelos Direitos Cívicos; a morte do Presidente Kennedy e a de Medgar Evers, um afro-americano activista do Movimento dos Direitos Cívicos, que vivia em Jackson.

As Serviçais é uma história apaixonante e tem um pouco de tudo: de História, humor, tensão, esperança e amor (não no sentido de amor romântico). Mostra o derrubar de barreiras que só existem nas mentes das pessoas, a abertura de horizontes, a libertação de preconceitos, a união das pessoas em tempos conturbados e como um grupo de mulheres conseguiu começar a mudar as coisas numa terra tão marcada pela segregação racial.
Adorei cada frase deste livro e o ponto forte são as personagens. Estão construídas de maneira a que o leitor se apegue a elas, se sinta envolvido no projecto que elas tecem e, inclusive, tema pelas suas vidas, já que correm grandes riscos. É fácil gostar delas porque são humanas, não são pretensiosas e só querem uma vida melhor.
Aibileen surge como a minha preferida, Minny como aquela que me arrancou alguns risos, sorrisos e "Oh não! Ela não fez isto!...", e Skeeter como aquela rapariga meio desengonçada, mas com vontade de fazer mais e de mudar coisas que ela achava estarem erradas.

Foi uma leitura verdadeiramente enriquecedora porque tive a oportunidade de conhecer estas três mulheres fantásticas que, apesar de viverem num mundo que as separava devido à cor da pele, encontraram um elo comum que acabou por uni-las para marcar uma diferença. É uma história que marca e que permanece connosco durante algum tempo.

5/6 - Muito Bom

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1 comentários

  1. Já tinha alguma curiosidade neste livro e agora mais tenho, pois esta já é a segunda opinião positiva que leio! ;)
    Vai ter que ir direitinho para a minha lista de livros a adquirir num futuro próximo!

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