Revolutionary Road - Opinião
janeiro 16, 2011Autor: Richard Yates
Editora: Colecção Sábado
Páginas: 279
Sinopse:
"Corre o Verão de 1955 e Frank e April Wheeler vivem com um cinismo distanciado o que, para muitos dos seus contemporâneos, representa o sonho americano: uma ampla vivenda nos subúrbios, duas crianças louras e risonhas, uns vizinhos simpáticos e, para Frank, um emprego em Manhattan bem pago e sem responsabilidades. No entanto, o abismo entre o que pensam das suas vidas e a forma como em realidade as vivem, acabará por tornar o seu quotidiano insuportável. Quando April concebe um plano que lhes permitirá finalmente sair da situação em que se encontram, as tensºoes entre o comodismo e a necessidade de mudança provoarão uma crise mais grave do que a poderiam ter imaginado."
Opinião:
É-me difícil falar deste livro. Por ser tão denso e por colocar tantas questões, torna-se quase injusto dizer o que quer que seja sobre ele, porque me parece sempre pouco.
Revolutionary Road, para mim, é uma história sobre conflitos. Frank e April vivem em constante conflito um com o outro mas, também, com eles próprios.
Vivem uma vida, à primeira vista, perfeita. Uma casa nos subúrbios, dois filhos, April é uma dona de casa e mãe exemplar, e Frank tem um emprego estável e que lhe paga bem. Os seus vizinhos são boas pessoas, afáveis e tudo parece em harmonia. Porém, nunca ninguém sabe o que se passa dentro de quatro paredes.
Frank e April sentem-se infelizes, aprisionados dentro da vida que têm, frustrados com o seu casamento e em constante conflito um com o outro e com eles próprios. Não conseguem sair do marasmo que criaram e vivem uma vida que se baseia em aparências.
Um dos grandes problemas, se não mesmo o maior deles todos, que este livro retrata é a falta de comunicação. Todos parecem querer disfarçar os seus defeitos, fingirem que são felizes e que a vida decorre sem problemas. Um não reclama para não chatear o outro; um não diz o que verdadeiramente pensa, o que verdadeiramente sente para não magoar o outro e para manter as coisas "ordenadas" e, aparentemente, pacíficas.
Vivem em permanente contradição: se, por um lado, não gostam da vida que têm e querem mudar (concebendo, até, um plano para mudar as suas vidas), April e Frank acabam por nunca mudar por estarem demasiado acomodados à vida que têm.
O que este livro espelha é o desmoronar dos ideiais do sonho americano. Nenhum deles é feliz, apesar de terem uma vida com todas as comodidades, apesar de representarem a típica família que, no fundo, desprezam. São pessoas amargas, que cometeram erros e que não sabem como os remediar. Que tentam lidar com os seus fantasmas, no caso de April, e com os seus ideiais frustrados, no caso de Frank. Tentam viver a vida correspondendo às expectativas que a sociedade lhes impõe. Contudo, almejam a algo mais, mas não conseguem sair daqueles moldes.
Este é um livro denso, algo pesado e com alguns momentos dramáticos. O desfecho é trágico e, depois de acabarmos a sua leitura, ficamos a pensar em tudo aquilo que presenciámos. Fica-se a pensar se vivemos a vida que queremos ou se estamos só a tentar corresponder às expectativas que os outros têm de nós.
5/6 - Muito Bom
Editora: Colecção Sábado
Páginas: 279
Sinopse:
"Corre o Verão de 1955 e Frank e April Wheeler vivem com um cinismo distanciado o que, para muitos dos seus contemporâneos, representa o sonho americano: uma ampla vivenda nos subúrbios, duas crianças louras e risonhas, uns vizinhos simpáticos e, para Frank, um emprego em Manhattan bem pago e sem responsabilidades. No entanto, o abismo entre o que pensam das suas vidas e a forma como em realidade as vivem, acabará por tornar o seu quotidiano insuportável. Quando April concebe um plano que lhes permitirá finalmente sair da situação em que se encontram, as tensºoes entre o comodismo e a necessidade de mudança provoarão uma crise mais grave do que a poderiam ter imaginado."
Opinião:
É-me difícil falar deste livro. Por ser tão denso e por colocar tantas questões, torna-se quase injusto dizer o que quer que seja sobre ele, porque me parece sempre pouco.
Revolutionary Road, para mim, é uma história sobre conflitos. Frank e April vivem em constante conflito um com o outro mas, também, com eles próprios.
Vivem uma vida, à primeira vista, perfeita. Uma casa nos subúrbios, dois filhos, April é uma dona de casa e mãe exemplar, e Frank tem um emprego estável e que lhe paga bem. Os seus vizinhos são boas pessoas, afáveis e tudo parece em harmonia. Porém, nunca ninguém sabe o que se passa dentro de quatro paredes.
Frank e April sentem-se infelizes, aprisionados dentro da vida que têm, frustrados com o seu casamento e em constante conflito um com o outro e com eles próprios. Não conseguem sair do marasmo que criaram e vivem uma vida que se baseia em aparências.
Um dos grandes problemas, se não mesmo o maior deles todos, que este livro retrata é a falta de comunicação. Todos parecem querer disfarçar os seus defeitos, fingirem que são felizes e que a vida decorre sem problemas. Um não reclama para não chatear o outro; um não diz o que verdadeiramente pensa, o que verdadeiramente sente para não magoar o outro e para manter as coisas "ordenadas" e, aparentemente, pacíficas.
Vivem em permanente contradição: se, por um lado, não gostam da vida que têm e querem mudar (concebendo, até, um plano para mudar as suas vidas), April e Frank acabam por nunca mudar por estarem demasiado acomodados à vida que têm.
O que este livro espelha é o desmoronar dos ideiais do sonho americano. Nenhum deles é feliz, apesar de terem uma vida com todas as comodidades, apesar de representarem a típica família que, no fundo, desprezam. São pessoas amargas, que cometeram erros e que não sabem como os remediar. Que tentam lidar com os seus fantasmas, no caso de April, e com os seus ideiais frustrados, no caso de Frank. Tentam viver a vida correspondendo às expectativas que a sociedade lhes impõe. Contudo, almejam a algo mais, mas não conseguem sair daqueles moldes.
Este é um livro denso, algo pesado e com alguns momentos dramáticos. O desfecho é trágico e, depois de acabarmos a sua leitura, ficamos a pensar em tudo aquilo que presenciámos. Fica-se a pensar se vivemos a vida que queremos ou se estamos só a tentar corresponder às expectativas que os outros têm de nós.
5/6 - Muito Bom
2 comentários
Quero imenso ler este livro!
ResponderEliminarComprei a edição da Sabado e vamos ver se é este ano! :)
As expectativas são grandes!
Eu gostei imenso, mas o livro é difícil de digerir, no sentido em que às vezes é um murro no estômago...
ResponderEliminarMas lê, aconselho!! :)