Marcelo no Mundo Real - Opinião
junho 07, 2011Autor: Francisco X. Stork
Editora: Editorial Presença
Páginas: 276
Sinopse:
"Marcelo Sandoval ouve música que mais ninguém consegue ouvir, fruto de uma perturbação semelhante à síndrome de Asperger. No entanto, o pai de Marcelo não se resigna com o facto de o filho não ser como os outros adolescentes e desafia-o a trabalhar durante o verão no seu escritório de advogados, para se juntar ao «mundo real». Um livro encantador que ecoa O Estranho Caso do Cão Morto na pureza e intensidade da voz narrativa e que celebra a música que existe dentro de cada um de nós."
Opinião:
Narrado na primeira pessoa, este livro conta-nos a história de Marcelo, um rapaz especial, de 17 anos, que se vê forçado a sair da sua zona de conforto. Habituado à escola onde sempre andou, própria para crianças com perturbações semelhantes ao autismo, e onde trabalha com póneis preparados para lidar com crianças com esses problemas, Marcelo é confrontado com o pai, que quer que o filho vá para uma secundária normal. Assim, Marcelo e o pai estabelecem um acordo: se Marcelo quiser ficar na Patinson, a sua escola de sempre, terá que ir trabalhar no escritório de advogados do pai, durante o verão. Caso se recuse, irá frequentar a secundária normal. Marcelo convence-se que vale a pena o sacrifício, se quiser ficar na Patinson, e aceita.
Como este livro é narrado na primeira pessoa, é como se estivessemos dentro da cabeça do próprio Marcelo. Temos acesso a todas as sua dúvidas, preocupações, aos seus medos, e ao choque que é sair de dentro da sua bolha. Marcelo tem dificuldades em interpretar a linguagem metafórica, não gosta de coisas que saiam da sua rotina, tem dificuldades na interacção social, em comportar-se da maneira que a sociedade espera que uma pessoa "normal" se comporte e ficamos a saber a dimensão de todos estes obstáculos porque estamos na cabeça de Marcelo.
O que mais me agradou neste livro, para além de ficar a perceber mais sobre esta síndrome de Asperger, embora no caso de Marcelo esta não se manifeste de forma tão extrema, foi o facto do autor tecer uma trama que permite ao leitor não só descortinar a forma de pensamento de pessoas que têm doenças deste espectro, mas também seguir uma história que se passa fora da cabeça de Marcelo, que tem a ver com um processo judicial do escritório de advogados.
Com o passar do tempo, Marcelo vai descobrindo coisas, comportamentos, sentimentos, que desconhecia existirem. Gostei bastante das discussões que ele tem com a Jasmine, a secretária do seu pai, sobre assuntos que, para nós, são banais, tais como o amor, a atracção sexual, a música. Mas também as conversas que ele tem com a rabina Heschel, com quem debate questões de natureza religiosa, mas que dizem respeito a decisões que tomamos no dia-a-dia, sentimentos que surgem dentro de nós, sobre como sabemos se estamos a fazer bem ou mal, sobre como viver com as decisões que tomamos.
De maneira geral, gostei do livro pela simplicidade da história que tem o poder de nos fazer sentir empatia para com este rapaz, Marcelo, que vê o mundo de forma diferente da maioria de nós. Contudo, essa maneira diferente não é inválida nem menos provida de lucidez. Por vezes, a sua ingenuidade faz-nos questionar sobre a própria natureza humana, sobre o que leva alguém a fazer determinada coisa e vemos Marcelo a quebrar barreiras dentro dele próprio. Vemos Marcelo mais aberto ao mundo que está fora dele mas, mesmo assim, sem deixar de ser quem ele é, verdadeiramente, dentro do seu mundo.
4/6 - Bom
Editora: Editorial Presença
Páginas: 276
Sinopse:
"Marcelo Sandoval ouve música que mais ninguém consegue ouvir, fruto de uma perturbação semelhante à síndrome de Asperger. No entanto, o pai de Marcelo não se resigna com o facto de o filho não ser como os outros adolescentes e desafia-o a trabalhar durante o verão no seu escritório de advogados, para se juntar ao «mundo real». Um livro encantador que ecoa O Estranho Caso do Cão Morto na pureza e intensidade da voz narrativa e que celebra a música que existe dentro de cada um de nós."
Opinião:
Narrado na primeira pessoa, este livro conta-nos a história de Marcelo, um rapaz especial, de 17 anos, que se vê forçado a sair da sua zona de conforto. Habituado à escola onde sempre andou, própria para crianças com perturbações semelhantes ao autismo, e onde trabalha com póneis preparados para lidar com crianças com esses problemas, Marcelo é confrontado com o pai, que quer que o filho vá para uma secundária normal. Assim, Marcelo e o pai estabelecem um acordo: se Marcelo quiser ficar na Patinson, a sua escola de sempre, terá que ir trabalhar no escritório de advogados do pai, durante o verão. Caso se recuse, irá frequentar a secundária normal. Marcelo convence-se que vale a pena o sacrifício, se quiser ficar na Patinson, e aceita.
Como este livro é narrado na primeira pessoa, é como se estivessemos dentro da cabeça do próprio Marcelo. Temos acesso a todas as sua dúvidas, preocupações, aos seus medos, e ao choque que é sair de dentro da sua bolha. Marcelo tem dificuldades em interpretar a linguagem metafórica, não gosta de coisas que saiam da sua rotina, tem dificuldades na interacção social, em comportar-se da maneira que a sociedade espera que uma pessoa "normal" se comporte e ficamos a saber a dimensão de todos estes obstáculos porque estamos na cabeça de Marcelo.
O que mais me agradou neste livro, para além de ficar a perceber mais sobre esta síndrome de Asperger, embora no caso de Marcelo esta não se manifeste de forma tão extrema, foi o facto do autor tecer uma trama que permite ao leitor não só descortinar a forma de pensamento de pessoas que têm doenças deste espectro, mas também seguir uma história que se passa fora da cabeça de Marcelo, que tem a ver com um processo judicial do escritório de advogados.
Com o passar do tempo, Marcelo vai descobrindo coisas, comportamentos, sentimentos, que desconhecia existirem. Gostei bastante das discussões que ele tem com a Jasmine, a secretária do seu pai, sobre assuntos que, para nós, são banais, tais como o amor, a atracção sexual, a música. Mas também as conversas que ele tem com a rabina Heschel, com quem debate questões de natureza religiosa, mas que dizem respeito a decisões que tomamos no dia-a-dia, sentimentos que surgem dentro de nós, sobre como sabemos se estamos a fazer bem ou mal, sobre como viver com as decisões que tomamos.
De maneira geral, gostei do livro pela simplicidade da história que tem o poder de nos fazer sentir empatia para com este rapaz, Marcelo, que vê o mundo de forma diferente da maioria de nós. Contudo, essa maneira diferente não é inválida nem menos provida de lucidez. Por vezes, a sua ingenuidade faz-nos questionar sobre a própria natureza humana, sobre o que leva alguém a fazer determinada coisa e vemos Marcelo a quebrar barreiras dentro dele próprio. Vemos Marcelo mais aberto ao mundo que está fora dele mas, mesmo assim, sem deixar de ser quem ele é, verdadeiramente, dentro do seu mundo.
4/6 - Bom
1 comentários
Estou a ler "Marcelo na Vida Real" neste momento. Estou a gostar imenso, pois lembra-nos da importância da diferença. Creio que muitos de nós sentem como o Marcelo sente, em muitos momentos, mesmo sem sofrer de qualquer síndroma...
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