Mil Novecentos e Oitenta e Quatro - Opinião

julho 02, 2012

Título: Mil Novecentos e Oitenta e Quatro
Autor: George Orwell
Editora: Antígona
Páginas: 313
Sinopse (do Goodreads):
"Segundo Orwell, «Mil Novecentos e Oitenta e Quatro» é uma sátira, onde aliás se detecta inspiração swifteana. De aparência naturalista, trata das realidades e do terror do poder político, não apenas num determinado país, mas no mundo — num mundo uniformizado. Foi escrito como um ataque a todos os factores que na sociedade moderna podem conduzir a uma vida de privação e embrutecimento, não pretendendo ser a «profecia» de coisa nenhuma."

Opinião:

Esta foi a minha estreia na literatura distópica. Para aqueles que não conhecem o termo, uma distopia é uma antítese daquilo que é uma utopia. Normalmente, é uma sociedade controlada e reprimida pelo estado mas sob o pretexto de ser, na realidade, utópica. E é uma sociedade destas que George Orwell nos apresenta neste Mil Novecentos e Oitenta e Quatro.

Este livro está dividido em três partes. A primeira parte dá-nos a conhecer a sociedade em que vive o protagonista Winston Smith. Estamos no ano de, precisamente, 1984 e Winston vive em Londres. Ficamos a conhecer a organização mundial constituída por três superpotências, a Lestásia, a Eurásia e a Oceânia, sempre em constante guerra; conheemos a organização social constituida pelos Proles, o Partido Externo e o Partido Interno, todos governados pelo Grande Irmão; e, em suma, a vida de Winston segundo todas as regras, controlos e repressões que o Grande Irmão exerce sobre todos os que vivem sob a sua alçada.
Na segunda parte, Winston rebela-se contra o Partido e infringe várias regras, vivendo uma paixão com uma rapariga. A terceira parte é a conclusão de toda esta história, são as consequências de todos os actos anteriores de Winston.

Depois de terminada esta leitura, tenho sentimentos mistos. Por um lado gostei. Gostei e achei muito interessante a formação deste estado totalitário e a caracterização de toda a sociedade, do modo de vida das pessoas que vivem inseridas nele e como são controladas ao extremo, seja dentro de casa, na rua, no trabalho, em todo o lado. A existência da Polícia do Pensamento, do Ministério da Paz e do Ministério do Amor quando, ironicamente, não existe nem uma coisa nem outra. Neste aspecto, é interessante esta leitura porque nos apresenta uma sociedade diferente e obriga-nos a pensar sobre a nossa própria sociedade e o quanto somos controlados também, quase sem nos apercebermos disto.

Porém, isto não chegou para me cativar porque em termos de personagens não senti grande ligação, parecem-me um bocado cinzentas, à falta de melhor descrição. O estado totalitário é a personagem central desta obra e Winston, juntamente com os restantes, são adereços para se perceber como o Grande Irmão opera. Neste sentido, senti que estava mais a ler um livro sobre política do que uma narrativa sobre personagens com aquele sistema político por trás. Foi essa parte que me desiludiu. Mas, de qualquer maneira, não posso dizer que não gostei do livro. É uma espécie de "assim-assim".

3/6 - Bom, com reservas

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2 comentários

  1. Creio que se trata de um grande livro, um clássico da literatura mundial, que carrega consigo mensagens que nos devem deixar a reflectir. George Orwell, no entanto, não facilita a tarefa ao leitor. O ambiente do livro é tão negro quanto a mensagem, mas creio ser propositado. Trata-se de um grito, um alerta; creio ser mesmo suposto deixar-nos com um nó no estômago, levar-nos a ver e a pensar naquilo que por vezes não nos apetece. E deixar-nos preocupados. Creio que não foi feito para ser um livro agradável. Ao ponto de eu ter de o deixar; não o consegui acabar, pois li-o numa fase em que me sentia um psicologicamente pouco mais frágil, e tive mesmo de o pôr de parte, pelo menos naquela altura. A ele voltarei, certamente. Acho que se trata de um livro bastante violento, como não poderia deixar de ser um livro que aborda o tema em causa, o da violação da nossa liberdade de estar, pensar, agir, falar. Não sei se conseguirei gostar, mas há livros em que o gostar-se deles é secundário. :)

    Boas leituras!

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  2. Sim, completamente. Há momentos assustadores, como a Semana do Ódio, a presença do telecrã que controla tudo desde aquilo que se faz no trabalho, às horas que as pessoas se levantam de manhã, o controlo do passado para que tudo coincida com presente, a manipulação das massas, a lavagem cerebral que fazem aos miúdos... Nesse sentido não é um livro agradável porque retrata uma sociedade em que não é agradável viver. As pessoas sobrevivem, não vivem.
    Não é um livro fácil de se ler, porque há muita coisa a assimilar. Mas eu também não disse que não gostei do livro. Só achei que, se as personagens fossem um bocadinho mais cativantes, a minha leitura podia ter sido mais fácil. Mas, como disseste, este livro não facilita :)

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