Outlander - Opinião
julho 12, 2014
Título: Outlander
Autor: Diana Gabaldon
Lido no Kobo
Sinopse (do Goodreads):
Opinião:
Autor: Diana Gabaldon
Lido no Kobo
Sinopse (do Goodreads):
"Claire Randall is leading a double life. She has a husband in one century, and a lover in another...
In 1945, Claire Randall, a former combat nurse, is back from the war and reunited with her husband on a second honeymoon—when she innocently touches a boulder in one of the ancient stone circles that dot the British Isles. Suddenly she is a Sassenach—an "outlander"—in a Scotland torn by war and raiding border clans in the year of our Lord...1743.
Hurled back in time by forces she cannot understand, Claire's destiny in soon inextricably intertwined with Clan MacKenzie and the forbidden Castle Leoch. She is catapulted without warning into the intrigues of lairds and spies that may threaten her life ...and shatter her heart. For here, James Fraser, a gallant young Scots warrior, shows her a passion so fierce and a love so absolute that Claire becomes a woman torn between fidelity and desire...and between two vastly different men in two irreconcilable lives."
Opinião:
Confesso que, terminada esta leitura, tenho sentimentos mistos em relação ao livro. Numa primeira impressão, acho que o livro prometia muito ao início, tinha muito potencial mas que depois, na minha perspectiva, não foi tão cativante ou interessante como eu achava que ia ser. Preparem-se, que a opinião vai ser longa!
De forma resumida, este livro começa com Claire, uma enfermeira, a passar uma espécie de segunda lua-de-mel com o marido Frank, na Escócia, em 1945. Contudo, acidentalmente, Claire toca numa pedra que faz parte de um círculo de pedras muito antigo, daqueles semelhantes a Stonehenge, e é transportada no tempo, para o ano de 1743. Aí conhece Jaime e o clã MacKenzie, sendo que é com eles que passa a viver e é neste novo contexto que Claire tenta fazer sentido do que lhe aconteceu e de como conseguirá voltar ao século XX e ao seu marido Frank.
A adaptação de Claire a um novo mundo é muito interessante. Enquanto enfermeira, Claire acaba por servir-se desses conhecimentos de medicina e começa a ser aceite enquanto curandeira, mas tem de se adaptar ao tempo em que se encontra e lidar com formas de tratamento mais rudimentares mas igualmente eficazes. Além disso, há adaptação às roupas, ao modo de estar, à linguagem, à falta de tecnologia e rede de esgotos... E depois há Jaime.
Jaime é um guerreiro escocês. Ao mesmo tempo gentil, cavalheiresco, corajoso, com um grande sentido de humor, mas também teimoso, destemido e com a cabeça a prémio. Cortesia dos ingleses, claro está. Já disse que o homem é ruivo e usa kilt? Ficam também a saber. É claro que entre Jaime e Claire acaba por surgir uma paixão imensa que acaba por ser o centro deste livro.
Até mais ou menos a meio do livro corre tudo muito bem. A autora escreve muito bem e mal damos pelas páginas a passar, porque a escrita é muito fluida, simples e está tudo muito bem construído e interligado. Vivemos com Claire aquela mudança, a introdução a um novo mundo, à sua confusão e dilemas que a dividem enquanto mulher do século XX que tem que lidar com a forma de viver e com o pensamento do século XVIII. Além disso, vemos o contraste entre uma mulher inglesa, do século XX, e os clãs escoceses, mais especificamente com os guerreiros do clã MacKenzie, que dão momentos bastante divertidos.
Foi das coisas que mais gostei: o humor do Jaime, a dinâmica e química entre ele e a Claire, bem como com as outras personagens, da escrita da autora que é emocionante e que nos ajuda a ligarmo-nos com as personagens e com os seus dilemas. As paisagens escocesas são fantásticas (já se sabe...) e a autora consegue captar a sua essência muito bem com as suas descrições. Gostei também da inclusão de palavras e expressões em gaélico escocês que, a meu ver, enriquecem o texto e a aproximação com a parte histórica.
Agora vamos ao que gostei menos, ao ponto de ler na diagonal e saltar algumas partes do livro, de forma a avançar com a leitura. O livro tem perto de 800 páginas, e tinha o potencial de ser um épico: tanto da parte do romance como da parte da ficção histórica. Mas não o consegue ser, por vários motivos. Tem muita palha, muita coisa que podia ter sido deixada de parte e tornar-se num livro muito melhor se calhar só com 400 páginas. Há pormenores desnecessários, capítulos que se arrastam demasiado em que nada acontece, coisas que eu, sinceramente, não me interessava saber porque não acrescentam nada à história. Estas partes mais longas e sem avanço nem acção, normalmente seguiam-se a partes carregadas de coisas a acontecerem e, por isso, eram um bocado anti-climáticas.
Além disto tudo há cenas que, para mim, são inverosímeis, há demasiadas tentativas de violação da Claire e demasiados pormenores na descrição de cenas violentas no que toca ao Jaime. O que me incomodou não foram as descrições da violência, foi o foco que é maior nas cenas violentas, que são descritas ao pormenor, Não percebi, também, porque é que as personagens passam por tantos momentos violentos. Será que era mesmo assim no século XVIII, ou a autora usa esta característica para elevar as personagens, levando-as a passar este tipo de provações?
Depois disto ainda há a questão da ficção histórica. A verdade é que eu achei que o livro fosse tratar daquele momento da história da Escócia em específico, com a questão dos Jacobitas, falar de intrigas, conspirações, batalhas... mas não. É a história de Claire e Jaime a fugir de um lado para o outro. E isto também me desiludiu porque pensei que fosse mais rico em detalhe histórico.
No fim de contas, o que fica? Ficam as paisagens escocesas, a história incrível de uma mulher que viajou no tempo e se deparou com escolhas de que depende o seu destino, as expressões gaélicas e o linguajar escocês, que eu adoro, e fica Jaime, claro está. Fica a sua força, a sua coragem, o seu humor e crescimento interior a partir do momento em que conhece Claire. Ficam as suas provações, os seus traumas e marcas. E fica também a vontade de ter um homem destes a sussurrar-me "Sassenach" ao ouvido.. (desculpem-me, mas tinha que ser!) O Jaime foi, definitivamente, do que mais gostei. Vá-se lá saber porquê...
Mas um livro não vive de uma só personagem e, a partir de metade o livro acabou por me ir aborrecendo, salvo alguns momentos mais emocionantes, e de me parecer um pouco vazio de conteúdo da parte histórica. Este livro é, definitivamente, sobre o romance entre Claire e Jaime, tendo a Escócia como pano de fundo.
4/6 - Bom
(Esta leitura conta para a Leitura Temática da Escócia e para os desafios TBR Pile Reading Challenge e Monthly Motif Challenge)
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