Johnny Got His Gun - Opinião

agosto 11, 2014

Título: Johnny Got His Gun
Autor: Dalton Trumbo
Lido no Kobo
Sinopse:
"It was the war to end all wars, the global struggle that would finally make the world safe for democracy - at any cost. But one American soldier has paid a price beyond measure. And within the disfigured flesh that was once a vision of youth lives a spirit that cannot accept what the world has become.

An immediate bestseller upon its original publication in 1939, Dalton Trumbo's stark, profoundly troubling masterpiece about the horrors of World War I brilliantly crystallized the uncompromising brutality of war and became the most influential protest novel of the Vietnam era."

Opinião:

Comecei a ler este livro porque me apetecia ler qualquer coisa dentro do tema da Primeira Guerra mundial. E quando vi a sinopse, fui lê-lo já tendo em mente que seria um tema complicado, uma vez que o protagonista é um soldado mutilado pela guerra - psicologicamente e fisicamente. 

Johhny Got His Gun foi publicado em 1939, o que não deixa de ser irónico: no limiar da Segunda Guerra mundial surgir um livro sobre as atrocidades da Primeira Guerra. O protagonista deste livro é Joe e acção decorre toda dentro da sua mente, uma vez que as suas memórias e pensamentos são o cerne deste livro. Além disso, não poderia ser de outra maneira, por causa da extensão dos ferimentos de Joe: não tem braços, nem pernas, ficou sem audição, sem boca, sem nariz, sem olhos. Ou seja, não se pode mexer e não pode comunicar com ninguém. Por isso, a história é-nos contada através das memórias de Joe, da sua infância e juventude, bem como das memórias das trincheiras, durante a guerra; e durante os poucos estados de consciência dele, no desespero da sua condição actual.

Apesar destes aspectos serem muito interessantes e oferecerem muito material para discussão, não consegui terminá-lo e vou passar ao próximo livro. O tema é complicado, sim. O livro é deprimente porque aquele soldado não consegue comunicar com ninguém, não se consegue mexer, e a única "vida" que tem é dentro da sua cabeça. E, mesmo assim, torna-se confuso porque há alturas em que ele próprio não sabe se está a sonhar ou se está consciente. Vivemos com ele todo o desespero, a angústia e o pânico à medida que ele se vai apercebendo da extensão dos seus ferimentos, e até que ponto a sua situação não foi mais para servir o orgulho e vitória dos médicos. O que não me atraiu foram as suas memórias. Eu percebo porque é que elas estão lá. Mas não me ajudaram a estabelecer uma ligação com Joe e, além disso, por vezes há um espaço muito grande entre as memórias e o estado actual dele. Acho que isso me fez desligar um pouco da sua história e daquilo que realmente me interessava, criando uma quebra na minha atenção.

Penso que este livro é bastante interessante e está muito bem escrito. O autor escreve ao ritmo dos pensamentos, utilizando o tão famoso "stream of consciousness" para entrarmos realmente na mente de Joe. Por isso há frases quase sem pontuação, que conferem rapidez ao discurso, tal como acontece na nossa cabeça, e alternância rápida de um pensamento para o outro, como é usual. Isto não me fez confusão, e não achei que tornasse a leitura difícil. Só me desinteressei mesmo porque quando apareciam as memórias eu desligava-me.

Eis aqui a segunda desistência deste ano. Acho que este livro é bom, apesar de só ter lido metade, mas não calhou em boa altura e a sua estrutura narrativa não me atraiu. É um livro sobre a brutalidade da guerra, sobre o sacrifício de homens em prol da democracia, sobre até que ponto algumas coisas constituem uma evolução na medicina. Em termos emocionais é angustiante ler sobre aquele homem preso num corpo sem poder comunicar, sem poder, sequer, matar-se.

Fica, ainda, outra curiosidade: para quem conhece Metallica, foi este livro que serviu de inspiração para a música "One", que é uma das minhas preferidas de sempre. A letra representa muito bem este livro e a condição deste soldado, fazendo menção a determinadas partes do livro e pensamentos dele, quase à letra, e penso que é genial. Ainda fiquei a gostar mais da música. O vídeo correspondente à música inclui, ainda, imagens da adaptação ao cinema, também com o mesmo nome do livro, datada de 1971.

1/6 - Não terminei

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