Este livro foi a minha estreia com Matt Haig. Apesar de ter outros dois livros do autor na minha lista de desejos, acabei por comprar este recentemente e li-o em poucos dias. Achei que estava a precisar de um livro deste género, sou fã do autor no Instagram e do quão aberto ele é sobre saúde mental e por isso avancei para saber que biblioteca da meia-noite era esta.

A premissa do livro é de que quando nos encontramos entre a vida e a morte, o tempo pára e existe uma biblioteca com todas as vidas que podíamos ter vivido tendo em conta a quantidade de possibilidades de caminhos que poderíamos ter escolhido se, numa dada situação, tivéssemos tomado uma decisão diferente. A partir daqui, seguimos esta descoberta da nossa personagem principal, Nora Seed, que vai experimentar algumas dessas vidas. 

Mas este livro é tão mais do que isso. É sobre saúde mental e como ela nos afecta nas mais variadas formas, é sobre as nossas maiores inseguranças, medos e arrependimentos, é filosofia para quem não percebe nada sobre o assunto, mas sem ser condescendente ou presunçoso, fala-nos de amizade, de amor, de solidão, de bondade, de dor e de morte. É sobre o quanto as nossas vidas estão ligadas umas às outras, mesmo que não o sintamos. Para mim, não podia haver melhor livro para ler nesta altura da minha vida, porque tantas vezes senti que era a Nora e acredito que qualquer leitor se pode identificar com algum aspecto da vida dela. Se é a última bolacha do pacote em termos literários? Não é. Mas este livro tem tanta verdade nele, e o Matt Haig escreve tão bem, de forma tão acessível e directa ao assunto, que foi um verdadeiro deleite ler este livro. Se já era fã do autor no Instagram, com este livro ainda fiquei mais, e cimentou a minha vontade de ler os outros dois livros dele, que já estão publicados por cá: O Mundo à Beira de um Ataque de Nervos e Razões para Viver.

Há livros que, quando são lidos no momento certo, têm um impacto tremendo nas nossas vidas e na forma como olhamos para nós e para o que nos rodeia. Não é que o livro reinvente a roda, mas encaixa na perfeição na altura em que foi lido e ajudou-me a pensar sobre a minha vida e as minhas escolhas. Além disso, há aqui Camus, Thoreau (que me fez vontade de o reler), Platão, Voltaire (o nome do gato de estimação de Nora), Sartre, que adicionam uma maior profundidade às ideias que são aqui abordadas, mas sem ser algo complexo. Não há, propriamente, dissertações filosóficas, há sim crenças ligadas ao existencialismo, em especial numa altura em que estamos todos mais ligados do que nunca, através das várias plataformas digitais, mas, quem sabe, mais desligados de nós e dos outros também.

Gostei mesmo muito deste livro, e as citações e reflexões que retirei dele foram mais do que muitas. Se não o seguem no Instagram, aconselho muito que o sigam (@mattzhaig) e espero que, para os que ficaram interessados, seja uma leitura tão prazerosa quanto foi a minha. Este livro será lançado em português no próximo ano, por isso fiquem atentos aos lançamentos de 2021!

Editora: Canongate

Páginas: 288