As minhas autoras favoritas

março 05, 2021



Numa espécie de pré-celebração do dia da mulher, já no dia 8 de Março, resolvi compilar uma pequena lista das minhas autoras favoritas.

A verdade é quando decido ler um livro, baseio-me na premissa do livro, no enredo, na sinopse que apresentam e que me atrai. Há uns anos, passava-me ao lados lia mais livros escritos por homens ou por mulheres, mas comecei a ter uma maior consciência em relação a isto, porque não ler livros escritos por mulheres é não lhes dar vozes. E enquanto mulher, como é que eu poderia fazer isto? Claro que, enquanto leitores, vamos em busca da próxima história que nos cative e tanto as há escritas por homens como por mulheres. Mas as escritoras femininas acabam por ser preteridas, muitas vezes, por autores masculinos e isso, aos poucos, tem vindo a mudar - e ainda bem. Nesse sentido, também eu tenho sido mais consciente nas minhas escolhas e o ano passado, da totalidade de livros que li, metade foram escritos por mulheres. 

Há que darmos atenção às vozes de escritoras mulheres, especialmente porque, sendo nós próprias mulheres, há uma outra ligação emocional tanto à escrita como às personagens, e também porque em determinados livros, uma voz feminina traz outra profundidade às temáticas abordadas e à forma como a narrativa progride. Quero ler cada vez mais autoras femininas porque de facto me sinto mais próxima das histórias que são contadas. Sinto que ainda tenho muito caminho a palmilhar, mas aos poucos vai-se chegando lá. Abaixo, segue uma pequena lista com as minhas autoras favoritas.




Gillian Flynn - Se procuram thrillers psicológicos com personagens femininas centrais e psicologicamente complexas, então esta é a autora certa. O primeiro livro que li dela foi Objectos Cortantes, há bastantes anos e ainda hoje a história me está na cabeça. Se virem a adaptação para série com a Amy Adams, também ficam muito bem servidos, mas o livro é fantástico. Para além desse, li Gone Girl (Em Parte Incerta) que é mais um livro que nos leva numa viajem sobre o mundo das aparências, das pressões sociais e dos papéis que estão associados às mulheres e que elas "têm de cumprir". A adaptação também está muito fiel, ou não fosse um filme do David Fincher, e a Rosamund Pike será para sempre Amy Dunne. Ambos os livros são muito marcantes. Aconselho a quem gosta deste tipo de livros.

Sylvia Plath - Este amor por Plath surgiu na faculdade. Estudei o seu único romance, The Bell Jar (A Campânula de Vidro), e também um pouco da sua poesia. Não foi preciso muito para a considerar uma autora favorita pelas temáticas profundamente femininas que aborda, pela sua voz, e pela sua escrita - tanto narrativa como poética. O que mais me atraiu na obra de Plath é a forma crua como aborda temas que podem ser tão sensíveis, como a morte e a saúde mental, mas também a maternidade, as normas restritivas ao papel da mulher na sociedade, e o tom confessional que imprime a toda a sua escrita.

Toni Morrison - É verdade que apenas li um livro desta autora, Beloved, mas a sua escrita ficou-me tão marcada na mente que se tornou uma favorita. Quero ler todos os seus livros e planeio ler o seu The Bluest Eye. Morrison foi uma autora afro-americana cuja temática maior, transversal a todas as suas obras, é a tensão racial vivida nos Estados Unidos durante o período da escravatura, mas também durante os anos 40 e 50 do século XX. Questões relacionadas com a busca de identidade e com a forma como a sociedade americana cresceu apesar de um passado imoral e violento relacionado com a escravatura e com a segregação racial.

Charlotte Bronte - autora do clássico Jane Eyre, um livro que teve uma influência enorme na minha vida enquanto leitora, mas também enquanto mulher, não podia deixar de fazer parte desta lista. Esta obra tem como protagonista uma rapariga, Jane, que não encaixa nos papéis impostos pela sociedade, nomeadamente no que diz respeito à mulher ser considerada inferior ao homem. Jane vê-se como igual, como uma mulher livre em posse das suas vontades e do direito de querer agir segundo elas. 

Mary Shelley - o primeiro romance de Shelley é considerado uma das obras paradigmáticas do romance gótico, no século XIX e considerada a precursora da ficção científica: Frankenstein. A sua mãe era a activista e feminista Mary Wollstonecraft, e Shelley foi uma das vozes mais imaginativas da sua geração.

Madeline Miller - Circe foi um dos meus livros favoritos do ano passado e este ano quero ler A Canção de Aquiles. Em Circe, Miller oferece-nos o ponto de vista desta deusa menor da mitologia grega em relação aos outros deuses, à vida no Olimpo e à sua condição de mulher: filha, amante, mãe, feiticeira. O que significa ser tudo isso, que constrangimentos existem por ser mulher e de que forma é vista pelos outros deuses.

Chimamanda Ngozi Adichie - Sem dúvida uma das autoras de que mais gosto. Adorei todos os livros que li dela, pelo poder da sua voz, pela forma como retrata personagens femininas e pela força que lhes imprime. Todas as suas protagonistas são mulheres que se questionam, que desafiam e que não se submetem. São mulheres fortes que querem comandar as suas vidas e as histórias de cada uma são inesquecíveis. Convido-vos a ler qualquer uma das obras dela - vão ficar sempre bem servidos.

Margaret Atwood - Autora de ficção especulativa, Atwood joga com os possíveis futuros da humanidade quando algumas coisas são levadas ao extremo. Atwood aborda questões de género, identidade, do poder da linguagem, as lutas de poder entre homens e mulheres e as suas obras são riquíssimas. Convido a leitura de The Handmaid's Tale (A História de uma Serva) e de Oryx and Crake (Órix e Crex). Ambas são fantásticas e mantêm o leitor agarrado ao enredo ao mesmo tempo que o vai fazendo reflectir sobre questões importantes e relevantes nos nossos dias.

Florbela Espanca - Foi na minha adolescência que conheci Florbela. A sua poesia gritava dentro de mim e fiquei para sempre apaixonada por Florbela. Uma mulher à frente do seu tempo, inconformada, intensa que punha tudo de si na sua poesia. Temas como o sofrimento, o amor (e o desamor), a feminilidade e a morte estão patente na sua obra que ainda hoje merecia mais destaque.

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2 comentários

  1. Partilho contigo algumas dessas autoras: Gillian Flynn, Margaret Atwood, Sylvia Plath, Chimamanda Ngozi Adichie e a GRANDE Florbela Espanca. Aconselho a leitura de Donna Tartt e Herta Müller.

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    1. Donna Tartt também já li! Mas ainda só li o "The Secret History" e apesar de ter gostado muito, não teve o mesmo impacto que as outras autoras tiveram em mim. Herta Muller ainda não li, mas obrigada pela sugestão! ;)

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