Eleanor Oliphant is Completely Fine - Opinião

março 02, 2021

EleanorOliphant


Este livro, à semelhança do livro do Norberto Morais, também me acompanhou durante todo o mês de Fevereiro. A falta de concentração, aliada à falta de motivação para ler, fez com que as minhas leituras se arrastassem, este mês. Mas, ainda que tenha estado a ler ambos os livros em simultâneo, lá consegui acabar esta leitura, muito graças ao facto de ter lido este livro e o audiobook respectivo ao mesmo tempo. O facto de estar a ouvir aquela história que estava a ler ajudou muito o meu ritmo de leitura e ajudou a que a minha mente não começasse a divagar a meio de uma qualquer frase.

Este livro está publicado por cá pela Porto Editora, com o título A Educação de Eleanor. Não percebo muito bem a tradução do título, podiam ter feito algo mais aproximado com o título original, mas são pormenores. 

O livro conta-nos, então, a história da protagonista, Eleanor Oliphant, pela voz da mesma, através da narrativa na primeira pessoa. Eleanor é uma mulher com 30 anos, solteira, que vive na solidão dos dias planeados ao pormenor, sem amizades nem outras relações interpessoais e com um passado que o leitor pressupõe traumático, mas do qual não sabemos muito. Trabalha num escritório, na área da contabilidade, e não gosta nem desgosta do seu emprego - é algo que está lá para cumprir a sua função. Aliás, é assim que Eleanor vai vivendo a sua vida, como um conjunto de coisas que têm um propósito, uma função, sobre as quais não nutre qualquer emoção. Talvez esta excessiva racionalidade e pragmatismo, pondo as emoções de parte, seja uma maneira de se proteger das emoções indesejadas e de possíveis reacções negativas que os outros possam ter com ela. Só mais à frente no livro é que vamos perceber isto.

Eleanor é, então, uma mulher solitária que vive na sua bolha, da qual não pretende sair, mas que por via das circunstâncias e quase sem dar por isso, se vai expondo às pessoas e ao mundo à sua volta, para lá do que lhe é confortável. Vai descobrindo coisas sobre si, sobre os outros, sobre formas de se relacionar com outras pessoas e sobre os demónios que esconde dentro de um armário muito bem fechado e colocado nas catacumbas da sua mente. Através da história de Eleanor percebemos como a solidão é tão fácil - são as relações com os outros que nos testam, que nos fazem crescer. Através da sua história, percebemos o quão importantes e significantes podem ser os pequenos gestos de gentileza, de bondade, coisas corriqueiras mas que podem fazer toda a diferença para alguém que se apagou para o mundo.

Gostei deste livro por expor estas temáticas ligadas à solidão e à saúde mental, que ora é feita de maneira humorada, ora séria, despretensiosa, mas nunca de forma leviana. Vários temas são abordados, como a ansiedade e a depressão, o trauma, o stress pós-traumático, sem nunca os nomear. Estes temas são abordados como coisas do dia-a-dia da vida de Eleanor, que é assim que as coisas se assumem nas vidas de todos nós também. Eleanor é uma mulher singular, de difícil empatia por vezes, mas que vale a pena conhecer pela sua evolução, crescimento, e disponibilidade de se dar aos outros e de permitir que os outros se dêem a ela. Nesse sentido, passa uma mensagem muito bonita e que é necessária: é preciso mostrarmos a nossa vulnerabilidade se querermos relações honestas e verdadeiras com os outros.

Gostei deste livro e vou, certamente, ter saudades de Eleanor e das suas peculiaridades.

4/6 - Bom

(Esta leitura conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)

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Detalhes

Editora: Harper Collins
Páginas: 383
Sinopse:
"Eleanor Oliphant leads a simple life. She wears the same clothes to work every day, eats the same meal deal for lunch every day and buys the same two bottles of vodka to drink ever weekend.

Eleanor Oliphant is happy. Nothing is missing from her carefully timetabled existence. Except, sometimes, everything..."

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