Burial Rites - Opinião

maio 28, 2021


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Que livro. Que história, escrita, envolvência e mistério. Este é um daqueles livros que não tem uma acção estonteante, não tem nenhum mistério a ser resolvido a qualquer custo, ou um ritmo alucinante. Não é um livro revolucionário e nem sequer é uma história complexa. Mas o cuidado da escrita da autora para nos transportar para o inverno da Islândia, para as vivências destas pessoas no século XIX e, especificamente, para a história de vida da personagem principal, Agnes, é esmagador. Além disso, este livro é daqueles que ganha vida quando lido juntamente com o audiobook. A sensibilidade da narradora em imbuir de emoção os momentos que nos transportam para a mente, as memórias e os sentimentos de Agnes faz-nos, verdadeiramente, preocupar com ela e querer confortá-la nos momentos mais difíceis. Afinal, Agnes é uma mulher condenada à morte após ser acusada de um homicídio, juntamente com outras duas pessoas, e por isso o seu tempo é passado à espera que a sua sentença se cumpra.

Este livro é um livro lento, que tem como pano de fundo a paisagem e o clima da Islândia, muitas vezes inóspito e que isola as pessoas umas das outras. A Islândia é fulgor natural pelas suas paisagens e clima, mas também é solidão e desconexão entre as suas gentes. É um lugar de superstição, de medo, de desconfiança, frio em vários sentidos, mas que lança o seu feitiço sobre o leitor deixando-o rendido à história desta mulher. Agnes é uma mulher sensível, com muito pouca sorte na vida, que sempre foi sobrevivendo como pôde. Juntamente com outras duas pessoas, é acusada do homicídio de dois homens numa quinta no distrito de Húnavatn, no norte da Islândia. Enquanto espera pelo dia fatídico, é albergada juntamente com uma família e aí trabalha como serva, ajudando-os nas tarefas domésticas do dia-a-dia. É neste compasso de espera que vamos sabendo mais sobre Agnes, sobre a sua vida, as suas experiências, os seus pensamentos e, aos poucos, ficamos a saber o que realmente aconteceu nessa noite dos homicídios.

Esta é uma história triste, lúgubre, sombria. Não há uma réstia de esperança, não há uma luz ao fundo do túnel. Tudo me emocionou, desde as paisagens islandesas ao estado de espírito de Agnes e à sua visão sobre a vida e os momentos que lhe restam. Este é o romance de estreia da autora, Hanna Kent, e só posso esperar coisas boas dos livros que ela publicar doravante.

Quero ainda mencionar que esta história se baseia em factos verídicos e que tanto Agnes Magnúsdóttir como estes crimes são factuais, por isso este livro é considerado, algumas vezes, uma biografia ficcionada. Os direitos do livro também já foram comprados e será feito um filme com Jennifer Lawrence como protagonista. Mas confesso que ao ler só imaginava a Jessica Chastain no papel de Agnes!

O livro está, ainda, publicado por cá, com o título Últimos Ritos, pela Saída de Emergência.


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5/6 - Muito Bom

(Esta leitura conta para o desafio Mount TBR Reading Challenge 2021)

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Detalhes

Editora: Picador
Páginas: 330
Sinopse:
"Northern Iceland, 1829. A woman condemned to death for murdering her lover. A family forced to take her in. A priest tasked with absolving her.

But all is not as it seems, and time is running out: winter is coming, and with it the execution date. Only she can know the truth. This is Agnes's story."

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