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Este livro lê-se num instante. É um livro curto, com uma escrita muito acessível e é a estreia desta autora brasileira contemporânea, Aline Bei. É uma obra escrita com grande sensibilidade, com uma linguagem poética que emociona o leitor, e com uma estrutura narrativa singular que nos permite atravessar a vida de uma mulher, desde os 8 aos 52 anos. Em cada capítulo se percebe a evolução desta personagem, tanto pela linguagem utilizada como em relação às problemáticas que ela atravessa, que se vão tornando mais complexas e profundas. Uma história que se torna mais comovente à medida que os anos vão passando por esta mulher e que nos mostra as verdadeiras temáticas deste livro: a morte, a dor, a perda, a solidão.

Este é um livro feito de perdas e de como nos ajustamos a elas para continuar a viver. Uma vida escavada por essas perdas que levam partes de nós, mas ainda assim seguimos o melhor que conseguimos e sabemos. E tudo isto que acaba resumido numa frase que é o título de um texto que a protagonista escreve aos 8 anos e entrega à professora: "A cura não existe". A cura para uma perda não existe, apenas gerimos as nossas vidas de forma a integrar essas dores dentro de nós para que não nos consumam completamente. Dores essas que se podem ir desvanecendo, ficando mais leves, mas que nunca desaparecem completamente. Por isso, o livro também é sobre resiliência quando somos confrontados com as mais diversas adversidades.