O Crepúsculo de Avalon - Opinião

março 09, 2010

Título: O Crepúsculo de Avalon
Autor: Anna Elliott
Editora: Planeta
Páginas: 438
Sinopse:

"Ela é uma sacerdotisa, uma contadora de histórias, uma guerreira e uma rainha sem trono. Nas sombras da Bretanha do rei Artur, uma mulher conhece a verdade que poderia salvar um reino das mãos de um tirano...
Ressentimentos antigos, feridas velhas e a busca pelo poder imperam na corte da rainha recém-viúva Isolda. Mal passou uma geração após a queda de Camelot, e Isolda chora o seu marido morto, o rei Constantino, um homem que ela sabe em segredo ter sido assassinado pelo perverso lorde Marche - o homem que acabou de assumir o título de Rei Supremo. Embora as suas aptidões enquanto curandeira sejam reconhecidas por todo o reino, no seguimento da morte de Constantino surgem acusações de feitiçaria e bruxaria.
Um dos poucos aliados de Isolda é Tristão, um prisioneiro com um passado solitário e conturbado. Nem saxão nem bretão, Tristão não é atingido pelos esquemas políticos, rumores e acusações que rodeiam a bela rainha. Juntos escapam, e enquanto a sua relação muda de amizade para amor, têm de encontrar uma maneira de provar o que sabem ser a verdade - que as manobras de Marche ameaça, não só as suas vidas mas a soberania do reino britânico."

Opinião:

Confesso que, quando comprei o livro, não sabia que este era somente o primeiro volume do que virá a ser uma trilogia (cujos títulos são, em inglês, Dark Moon of Avalon e Sunrise of Avalon). Por isso ia com expectativas tão elevadas que não se chegaram a concretizar. Mas vamos, então, aos factos.

Esta história passa-se sete anos depois da morte do rei Artur, assassinado por Mordred, pai de Isolda, considerado por isso traidor para a grande maioria dos guerreiros da altura. No momento presente da narrativa Isolda encontra-se também de luto pelo marido, o Rei Supremo Constantino. E, apesar de ser Rainha Suprema, ela não tem muitos aliados. Na verdade, ela é vista como bruxa, feiticeira, por ter como avó uma mulher como Morgana, e ser filha de um traidor pelo passado que carrega às costas. Porém ainda há pessoas que confiam nela e que acreditam nas suas boas intenções, como o padre Nenian e a sua escrava saxã Hedda.
É, então, assim que Isolda se vê emaranhada nas teias de conspiração e de ambição dos restantes reis bretãos que pretendem ascender ao trono. O mais ambicioso deles todos é Marche, rei da Cornualha. Um homem vil, cruel e que não olha a meios para atingir os fins.

Contudo, Isolda conhece também Tristão, um homem que não se encontra no lado de ninguém, não toma partidos e só quer saber da sua própria sobrevivência. E foi aqui que me desiludi um pouco. O subtítulo do livro é "Tristão e Isolda, um amor intemporal" e eu pensei que o ponto fulcral do livro fosse este. Mas não é. Aliás, a relação entre Tristão e Isolda é inicialmente tempestuosa porque não confiam um no outro; porque ela é bretã e ele é uma mistura entre as duas raças, bretões e saxões; ela é Rainha Suprema, ele é uma espécie de mercenário; ela é vista como bruxa, ele é um guerreiro destemido. Contudo, as situações em que se envolvem acabam sempre por juntá-los e fazer com que trabalhem em conjunto para se safar.

E, se a história não tem por foque central este suposto amor, tem outros pontos de interesse que enriquecem a história. Temos a descrição minuciosa do espaço enquanto tal - as arribas, os castelos, as muralhas, as casas, o ambiente que os rodeia. Temos também uma óptima construção das personagens principais que nos levam a conhecê-las bastante bem, permitindo a criação de uma empatia para com elas. A minha personagem preferida é, com toda a certeza, Isolda. Porque é uma mulher forte mas vulnerável ao mesmo tempo, que não sacrifica os seus ideais, que se mantém firme aos seus valores, que se sacrifica pelo bem dos outros, curandeira. É ela também que transmite as histórias que conhece, de outros tempos, adquiridos através da forte tradição oral que circulava na época, às pessoas que vai conhecendo. Nomeadamente às pessoas que ela trata ao longo do seu percurso.

Apesar destes pontos fortes, não consegui desfrutar completamente da sua leitura. Primeiro, por causa das interrupções sucessivas devido a deveres escolares. Depois porque ia à espera de uma história e depois li outra que não tinha nada a ver com aquilo que eu tinha pensado. Não que a história peque por alguma coisa, mas porque comecei a lê-la a pensar que era uma coisa e saiu-me outra.
Este é um livro que fala dos primórdios da relação entre Tristão e Isolda, e friso já que esta é ficcionalizada. Não se sabe bem a verdade e as origens desta lenda, por isso Anna Elliott deu asas à sua criatividade e tentou criar uma história que pudesse ser minimamente verosímil e consistente com aquilo que se sabe.

É uma narrativa muito bem construída, rica em pormenor e caracterização das personagens, dos ambientes, dos pensamentos de cada um.
Gostei desta história e, para não ficar com este sabor um pouco agridoce, espero pela publicação dos próximos volumes para continuar a segui-la, já que o final deixa as coisas em aberto.

4/6 - Bom

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