Persépolis - Opinião

dezembro 09, 2019

Título: Persépolis
Autora.: Marjane Satrapi
Editora: Contraponto
Páginas: 352
Sinopse:
"Com uma memória inteligente, divertida e comovente de uma rapariga que cresce no Irão durante a Revolução Islâmica, Marjane Satrapi consegue transmitir uma mensagem universal de liberdade e tolerância.

Estamos em 1979 e, no Irão, sopram os ventos de mudança. O Xá foi deposto, mas a Revolução foi desviada do seu objetivo secular pelo Ayatollah e os seus mercenários fundamentalistas. Marjane Satrapi é uma criança de dez anos irreverente e rebelde, filha de um casal de classe alta e convicções marxistas. Vive em Teerão e, apesar de conhecer bem o materialismo dialético, ter um fetiche por Che Guevara e acreditar que consegue falar diretamente com Deus, é uma criança como qualquer outra, mergulhada em circunstâncias extraordinárias."

Opinião:

Tinha grandes expectativas em relação a este livro e tinha quase a certeza de que ia gostar. Só não sabia que ia gostar tanto! Este livro é uma autobiografia de Marjane Satrapi que, sendo ilustradora, conta a sua história desde a infância até à idade adulta através desta novela gráfica que sabe tão bem. Através dela ficamos a conhecer melhor a história do Irão desde a Revolução Islâmica no fim dos anos 70 até meados dos anos 90, com todas as mudanças políticas, sociais e culturais que têm lugar tanto no Irão como na Europa.

Gostei muito deste livro por me abrir horizontes sobre uma história e uma cultura que desconheço quase por completo, que é o mundo da antiga Pérsia. Com esta leitura fiquei a querer saber mais sobre a história daquela região, daqueles povos, porque a leitura serve também para isto: para  aprofundarmos o nosso conhecimento e desconstruir pré-concepções que temos em relação a certos temas. 

Considero que esta foi a leitura mais rica que fiz este ano por me dar a conhecer um contexto, um país e uma cultura sobre a qual não sabia praticamente nada, para além de ser uma excelente autobiografia com a sua dose de humor, que nos apresenta dores de crescimento, de auto-conhecimento. É a história de uma rapariga que nasce e cresce no seio de uma família liberal que lhe oferece todas as hipóteses e mais algumas para poder pensar por ela própria, e que tem de sobreviver num regime que se torna ditatorial e opressivo. Há momentos trágicos, caricatos, divertidos e tristes, que delineiam a história de Marjane que acaba por se mesclar com a história do seu próprio país.

Adorei este livro por tudo: pela história de Marjane em si, pela parte visual do livro que está muito bem conseguida, pelo humor inteligente que a autora consegue incutir em alguns momentos - que às tantas não sabemos se havemos de chorar ou de rir - e pela curiosidade que me deixou em saber mais sobre a cultura persa, árabe e islâmica.

Por tudo isto, sinto que, até agora, foi a melhor leitura que fiz este ano.

6/6 - Excelente

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