5 Livros Sobre Saúde Mental
maio 15, 2020
Maio é o mês da consciência da saúde mental e enquanto sociedade penso que este é um assunto que tem de ser discutido mais vezes e levado mais a sério por todos. Ter uma doença mental ainda é muito estigmatizante e mal entendido por muita gente e, por conseguinte, a procura de tratamento, seja por via da psicoterapia, através de medicação, ou ambas, acaba por ser algo que poucas pessoas procuram com receio, muitas vezes, de serem catalogadas como fracas, preguiçosas, malucas ou outras coisas ainda piores. Este é um assunto que me é bastante próximo porque eu tenho Transtorno de Ansiedade Generalizada, Ansiedade Social, Transtorno do Pânico e fui diagnosticada, em tempos, com Depressão. Por isso, gosto de encontrar nas minhas leituras alguns destes temas, que me ajudam a sentir menos sozinha com personagens com as quais me posso identificar, mas também sobre outros transtornos sobre os quais não sei tanto, para os poder entender melhor.
Ultimamente, tenho visto que este tema começa a ser bastante abordado, principalmente, pelo género Young Adult, com cada vez mais livros que exploram este temas, numa tentativa de trazer maior compreensão sobre estas doenças, os seus efeitos e tratamentos. E isto é uma coisa boa, mas gostava que estas temáticas fossem abordadas também na literatura para adultos, porque muitos de nós já não se identifica tanto com a literatura Young Adult. Ainda assim, é de louvar haver romances que exploram estes temas e dirigidos a um público mais jovem que lida com muitas destas questões.
Hoje venho partilhar convosco alguns livros que li e que ou abordam este tema directamente, ou cujas histórias têm personagens que sofrem de algum transtorno mental, diagnosticado ou não. Há vários outros que quero ler, a lista vai sempre crescendo, e acho importante ler sobre estes temas para ajudar o público a perceber melhor o que é viver com menos uns pirulitos na cabeça (hey, eu posso gozar, vocês não!), e que não somos fracos, ou preguiçosos, ou com manias, ou mimados, ou outra coisa qualquer. Quanto muito, somos mais fortes por termos de fazer tudo o que as outras pessoas fazem na vida, com o peso acrescido de a nossa cabeça e as nossas emoções serem mais desreguladas. Mas falei em lista de livros, não falei? Vamos a eles.
A Campânula de Vidro, de Sylvia Plath
Género - Clássico / Ficção
Um dos meus livros favoritos da vida. Nesta obra, Plath narra a vida de Esther Greenwood que, aparentemente, tem a vida perfeita, mas que luta contra os seus demónios interiores, entrando numa espiral descendente da sua vida. Este livro é semi-autobiográfico e, por isso, retrata algumas das experiências da autora. Crê-se que Plath sofria de depressão ou de distúrbio bipolar, tendo sido internada numa instituição psiquiátrica e submetida à terapia de choques e, por isso, estas temáticas são abordadas no seu livro. É o único romance de Plath, que se suicidou com 31 anos.
Objectos Cortantes, de Gillian Flynn
Género - Thriller / Mistério
Talvez conheçam melhor Flynn pelo seu Gone Girl, mas antes houve este Objectos Cortantes, que eu li no ano seguinte a ser publicado. Adorei o livro não só pela narrativa principal, em que a protagonista Camille é uma jornalista que vai cobrir o assassinato de duas raparigas na sua cidade natal, mas também pelo facto de Camille ser uma personagem feminina complexa e com grande profundidade mental e emocional. Quando o livro começa, sabemos que Camille acabou de sair de uma instituição psiquiátrica e ao longo do livro vamos percebendo porquê. O livro é sombrio, pesado, quase asfixiante e lida com temas complicados. E se querem ir directamente para a adaptação televisiva, aconselho muito a série Sharp Objects, com uma interpretação brilhante de Amy Adams e de todo o elenco.
Género - Ficção Contemporânea
Li este livro no original, Where'd You Go, Bernadette, e apesar do ambiente ser leve e descontraído, a verdade é que aqui temos o retrato da incompreensão dos outros perante alguém que luta pela sua saúde mental. Bernadette é uma mulher inteligente, criativa, mas que sofre uma grande desilusão profissional e isso precipita-a para uma vida condicionada pela agorafobia, algo muito pouco compreendido e aceite, mesmo pelos que lhe são mais próximos, como a filha e o marido. O livro é contado de forma epistolar, com humor e situações caricatas, tornando o livro numa leitura leve, ainda que importante para alertar para a falta de empatia para com a dor e as dificuldades dos outros.
Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf
Género - Clássico / Ficção
"Mrs. Dalloway said she would buy the flowers herself". - Um dos inícios de livro mais conhecidos de sempre e um livro que, à época, rompia com a estrutura narrativa. Virginia Woolf era mestre em escrever narrativas através do fluxo de consciência, em que as ideias são encadeadas tal como nós as pensamos: sem grande estrutura, relembrando episódios por vezes aleatórios no meio de outras linhas narrativas. Pode ser um pouco confuso, sim, especialmente se considerarmos que a narrativa se passa num só dia, mas este livro vale bem a pena. Mrs. Dalloway é uma mulher que se prepara para organizar uma festa em sua casa, convidando uma série de pessoas, cada uma com a sua história, e são essas histórias que nos chamam a atenção para várias condições mentais. Valerá a pena dizer que Woolf escreve este romance em 1925, estando presente um retrato bastante preciso da sociedade do pós-guerra, e de todas as mazelas que deixou, em especial as psicológicas.
Marbles: Mania, Depression, Michelangelo and Me, de Ellen Forney
Género - Autobiografia / Novela Gráfica
Este livro li-o há pouco tempo e, por isso, está muito fresco na minha cabeça. Forney, uma ilustradora de banda desenhada, conta a história do seu diagnóstico com transtorno bipolar, já com 30 anos. Aqui, ela passa informação sobre o que é a doença, quais os sintomas, as possíveis causas, tratamentos e, o que achei mais curioso, a possível ligação entre a criatividade e o génio artístico com a doença mental. Será que os grandes génios o seriam se não tivessem algum tipo de perturbação do foro mental? É uma narrativa muito bem escrita, clara e que responde às perguntas do leitor à medida que a própria autora procura respostas para ela mesma.
4 comentários
Excelentes sugestões, dois deles já estavam na minha wishlist, os outros não conhecia. Boas leituras
ResponderEliminarObrigada! Boas leituras ;)
EliminarÉ um tema que me interessa bastante. Dos que referes, li os três primeiros. Tenho o quarto em lista e vou já investigar o Marbles! Obrigada pela sugestão!
ResponderEliminarDe nada! Agora fiquei com vontade de partilhar também os livros que quero ler e que se relacionam com este tema... Partilhei nas stories do Instagram, mas acho que vou escrever um post sobre o assunto também :)
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