Red at the Bone - Opinião

junho 26, 2020


A semana passada senti necessidade de combinar a leitura de um calhamaço com um livro mais pequeno e mais leve. Por isso, decidi começar este Red at the Bone, de Jaqueline Woodson, um livro com pouco mais de 200 páginas e que prometia ser de leitura rápida, mas impactante. E foi exactamente isso que aconteceu. É um livro pequeno, mas com mais sumo que muitos livros maiores. Existe uma riqueza da linguagem que é quase poética nas situações que descreve e nas emoções que tenta transmitir. O ponto de partida é a festa do 16º aniversário de Melody que reúne os seus pais, Iris e Aubrey, bem como os seus avós, Sabe e Po'Boy. A partir daqui, a história desta família é-nos contada recorrendo às memórias de cada um, em analepse e prolepse, até culminarem no momento presente, o ano de 2001. 

Este livro é sobre memória e heranças familiares de duas famílias com proveniências diferentes: a de Iris, que consegue viver de forma confortável, ainda que tenha a herança familiar que remonta ao massacre de Tulsa, em 1921; e a de Aubrey, um rapaz com uma infância pobre e que não conhece o seu pai. E estas heranças acabam por se perpetuar ao longo das várias gerações e confluir em Melody, a mais nova da família, mesmo que ela não queira.

Para além disto, a autora aborda questões ligadas à educação, à família e aos estereótipos de género, bem como em relação à maternidade, sexualidade, raça e os segredos que mantemos e que acabam por condicionar a forma como nos relacionamos com os outros.

Nas suas cercas de 200 páginas, este livro surpreendeu-me bastante e fiquei com muita vontade de ler mais coisas desta autora. A escrita de Woodson é envolvente e emotiva, quase lírica em certos momentos, para veicular, não só, as histórias destas pessoas, mas também para facilitar a empatia que o leitor poderá sentir com elas. Gostei muito deste livro que vai estar, sem dúvida, no meu top de melhores livros deste ano. Neste momento específico que estamos a viver, com todas as manifestações anti-racismo e o movimento Black Lives Matter, este livro torna-se por demais relevante ao focar a sua narrativa numa família negra que carrega consigo uma herança pesada e marcante, mas que também é estereotipada só pelo facto de ser negra. 

Gostei mesmo muito deste livro e só posso recomendar esta leitura a toda a gente.

5/6 - Muito Bom

_______________________

Detalhes

Lido no Kobo
Sinopse:
"Moving forward and backward in time, Jacqueline Woodson's taut and powerful new novel uncovers the role that history and community have played in the experiences, decisions, and relationships of these families, and in the life of the new child.

As the book opens in 2001, it is the evening of sixteen-year-old Melody's coming of age ceremony in her grandparents' Brooklyn brownstone. Watched lovingly by her relatives and friends, making her entrance to the music of Prince, she wears a special custom-made dress. But the event is not without poignancy. Sixteen years earlier, that very dress was measured and sewn for a different wearer: Melody's mother, for her own ceremony-- a celebration that ultimately never took place.

Unfurling the history of Melody's parents and grandparents to show how they all arrived at this moment, Woodson considers not just their ambitions and successes but also the costs, the tolls they've paid for striving to overcome expectations and escape the pull of history. As it explores sexual desire and identity, ambition, gentrification, education, class and status, and the life-altering facts of parenthood, Red at the Bone most strikingly looks at the ways in which young people must so often make long-lasting decisions about their lives--even before they have begun to figure out who they are and what they want to be."

You Might Also Like

0 comentários