O Segredo da Casa de Riverton - Opinião

junho 20, 2011

Título: O Segredo da Casa de Riverton
Autor: Kate Morton
Editora: Porto Editora
Páginas: 477
Sinopse:

"Como sobrevivem os que presenciam a tragédia?

Verão de 1924
Na noite de um glamoroso evento social, um jovem poeta perde a vida junto ao lago de uma grande casa de campo inglesa. Depois desse trágico acontecimento, as únicas testemunhas, as irmãs Hannah e Emmeline Hartford, jamais se voltariam a falar.

Inverno de 1999
Grace Bradley, de noventa e oito anos de idade, antiga empregada da casa de Riverton, recebe a visita de uma jovem realizadora que pretende fazer um filme sobre a morte do poeta.
Memórias antigas e fantasmas adormecidos, há muito remetidos para o esquecimento, começam a ser reavivados. Um segredo chocante ameaça ser revelado, algo que o tempo parece ter apagado mas que Grace tem bem presente.
Passado numa Inglaterra destroçada pela primeira grande guerra e rendida aos loucos anos 20, O Segredo da Casa de Riverton é um romance misterioso e uma emocionante história de amor."

Opinião:

Depois de ter ouvido falar tão bem desta autora, decidi comprar os dois livros dela que já estão traduzidos para português, e aproveitei a Feira do Livro para isso. Assim, decidi começar por este O Segredo da Casa de Riverton.

Passado na Inglaterra do início do século XX, uma das coisas que mais me deliciou em todo o romance foi a descrição da vida daquela época. A juventude que se começou a rebelar contra a estrutura tradicional e rígida do vitorianismo do século anterior, os traumas deixados pela 1ª Guerra Mundial, tanto nos jovens que voltaram da guerra como nas pessoas que ficaram em Inglaterra e sofreram as suas perdas, as inovações na arte europeia, tanto na pintura como na literatura, com menção a vários artistas da época, ao buliço que era Londres, com a sua vida social agitada, quando comparada com a casa de Riverton, mais pacata.

Contudo, apesar de afastada da cidade, Riverton é uma casa que permanece numa colina, envolta em nevoeiros e mistérios. Grace fora trabalhar para lá com 14 anos, em 1914 e é aí que começa a história. Grace é uma rapariga tímida, a mais nova dos empregados da casa e é através dos seus olhos que vamos conhecendo os outros à sua volta. Desde o rol de empregados até aos seus patrões, senhores da casa de Riverton e, mais tarde, aos que a rodeiam em Londres. E apesar de simples empregada, Grace acaba, inevitavelmente, por se ver envolvida em todas as situações importantes que vão determinar o desenlace final.

Para além de Grace, a trama envolve as duas irmãs Hartford: Emmeline e Hannah. Duas irmãs que, na sua infância e adolescência, são bastante próximas uma da outra, apesar da diferença de idades. Juntamente com o seu irmão, David, vivem aventuras imaginárias, por mundos e épocas que nunca presenciaram. Contudo, a ligação destas duas irmãs vai-se perdendo ao longo do tempo, até culminar num evento trágico que marca o destino de ambas.

Posso dizer que este livro me encheu completamente as medidas. Adoro livros que tenham o seu quê de descrições históricas, do modus vivendi de uma época, da vida social e dos eventos principais que marcaram para sempre um século, como foi o início do século XX. Além disso, temos toda a atmosfera de mistérios e segredos, em que nada é o que parece, em que há sempre mais qualquer coisa para além daquilo que se diz, em que todos parecem ter segredos, em que parece pairar sempre uma névoa sobre as personagens, os lugares e os momentos que vivem. Tudo se parece encaminhar para uma tragédia que não sabemos bem qual é, e que só nos é revelada nas últimas páginas.

De notar, ainda, que Grace nos narra estes eventos já sendo uma senhora de 98 anos. E neste aspecto, achei muito bom o trabalho da autora em ir alternando eventos passados com eventos presentes, de uma maneira que os dois não se misturam. Penso que é fácil confundirmo-nos, se o romance não estiver bem escrito, mas tal não acontece neste livro.

Concluindo, este livro tem um pouco de tudo: o retrato das pessoas e do modo de vida de uma época, personagens intrigantes, todas com os seus segredos (que são os verdadeiros causadores de todas as desgraças da trama), mistério, crime, romance, e uma malha psicológica que se vai adensando à medida que a história avança, e que nos faz viver aquele ambiente como se realmente estivéssemos dentro da narrativa.
Recomendo vivamente!

5/6 - Muito Bom

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2 comentários

  1. Adorei este livro! É de longe o melhor que li este ano, até agora. :)

    Acho que a autora fez um trabalho extraordinário ao saltar entre o passado e o presente. Consegui mesmo identificar-me com esses saltos, já que por vezes também ao relembrar momentos (não tão emocionantes como a da protagonista do livro :P ) o tempo passa sem eu dar conta. :)

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  2. Agora estou na expectativa para "O Jardim dos Segredos" porque todos me dizem que ainda é melhor que Riverton! :D

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